Revolução sexual e sexualidades “ex-cêntricas”: análises das práticas discursivas sobre “identidades sexuais” em revistas brasileiras (1969-1979).
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2016v23n35p117Resumen
Este artigo tem como objetivo analisar as práticas discursivas na mídia brasileira que instituíram no final da década de 1960 e no decorrer da década de 1970 uma Revolução Sexual. No bojo do debate sobre a Revolução Sexual, as revistas ELE ELA, NOVA, PLAYBOY e HOMEM:A REVISTA DO PLAYBOY construíram identidades sexuais, problematizando o(s) feminino(s) e o(s) masculino(s). Este trabalho é parte integrante da minha pesquisa de doutorado em História Comparada, onde busquei analisar a construção de identidades sexuais na mídia brasileira impressa durante o período de 1969-1979. Delimitou-se o surgimento destas revistas em um contexto histórico e cultural marcado por uma modernização conservadora, pela censura política, pela presença de diversos discursos feministas e pela visibilidade dos homossexuais. Dado o lugar central e privilegiado ocupado pela mídia nas tramas dos discursos que permeiam a sociedade, estas revistas foram consideradas fontes históricas, isto é, suporte das relações sociais e de poder cuja análise nos proporciona verificar o modo como as identidades sexuais são instituídas, hierarquizadas e, ao mesmo tempo, questionadas e borradas. O estudo destas revistas pôde apresentar a forma ambígua pela qual as noções de feminino e masculino são forjadas na cultura. Os artigos sobre Revolução sexual e os discursos sobre homossexuais, lésbicas, transexuais, travestis; bem como, outras práticas sexuais tornaram-se frequentes nestes periódicos. Uma multiplicidade de discursos enunciava e suscitava nas leituras das imagens e textos destas revistas o prazer de ler, ver e saber sobre sexo, propondo a partir dele- o sexo- uma descoberta e transformação de si mesmo. Este trabalho foi realizado a partir das ferramentas conceituais de Michel Foucault e as estratégias analíticas promovidas pelos estudos queer que muito podem contribuir para um fazer história que rompe as fronteiras disciplinares, estranha as identidades fixas e desconfia das naturalizações das ações humanas. Uma história que interpela a homogeneidade dos discursos, sua aparente linearidade e coerência.
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