As políticas do tempo da branquitude

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7976.2023.e98687

Palabras clave:

Políticas do tempo, Supremacia branca, Branquitude, Escrita da História

Resumen

Neste artigo pretendemos explorar a conexão entre racialização e teoria da história a partir de um vertice particular: o debate sobre tempo histórico. Para isso, pretendemos entender a historiografia não só como instrumento de codificação de passados “outros” (do colonialismo e do racismo) e de sincronização, mas como imbricada ao “lugar” histórica e relacionalmente ocupado pela branquitude. Por isso, compreendemos que os estudos críticos da branquitude fornecem um instrumental importante para a melhor compreensão tanto dos processos de disciplinarização da História, como da sua indisciplina, posto que “indisciplinar” sem racializar significa, na prática, esvaziar as potencialidades desse conceito.

Biografía del autor/a

Marcello Felisberto Morais de Assunção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professor adjunto de Educação das Relações-Étnico-Raciais na FACED/UFRGS e membro do Prof. História (IFCH/UFRGS). Professor visitante de Teoria e Filosofia da História do Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História (2020-2021), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em RI da UNILA (2021). Pós-Doutorado em Letras Clássicas e Vernáculas FAPESP-USP (2017-2021). 

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Publicado

2024-03-07

Cómo citar

Assunção, M. F. M. de. (2024). As políticas do tempo da branquitude. Esboços: Historias En Contextos Globales, 30(55), 423–441. https://doi.org/10.5007/2175-7976.2023.e98687

Número

Sección

Debate "Temporalidad, Colonialidad, Racialidad"