Da narrativa à identidade: as representações das greves no ABC paulista e os depoimentos contidos no documentário Peões, de Eduardo Coutinho (2004)
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2012v19n27p219Resumo
O documentário Peões, de Eduardo Coutinho, lançado em 2004, foi uma rodado em 2002 para documentar a memória das greves metalúrgicas do ABC paulista na virada dos anos 1980 – movimento que projetou no cenário político brasileiro Luís Inácio Lula da Silva, presidente do sindicato em 1979 e então candidato do Partido dos Trabalhadores prestes a vencer as eleições para a presidência da República. Tendo como material de arquivo fotografias e filmes, Coutinho utiliza o suporte visual para encontrar figuras anônimas, que não se projetaram na política petista posteriormente, em sua maioria operários – ou seja, “peões”. A partir de seu diálogo com os documentários Greve, de João Batista de Andrade, de 1979; Linha de Montagem, de Renato Tapajós, de 1982; e ABC da Greve, de Leon Hirszman, de 1991, Coutinho define para os sindicalistas quais são as “regras do jogo”: filmes, fotografias de jornais e de arquivos pessoais ou sindicais serão exibidos para os sindicalistas, a fim de que reconheçam velhos companheiros que estiveram envolvidas nas greves no ABC, e informem seu paradeiro. Coutinho não mescla depoimentos dos peões com imagens de arquivo, mantendo as entrevistas editadas em bloco, sem que os entrevistados “dialoguem” entre si ou mesmo com imagens de arquivo de aspectos da greve e do trabalho metalúrgico a que fazem referência. A partir da metodologia do documentarista, pretende-se analisar as relações entre a produção do documentário e a pesquisa histórica, os modos através dos quais se estabelecem as relações entre memória e significado das experiências individuais e históricas.
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