Nota sobre a natureza da mulher na comunidade familiar e política segundo Platão, Aristóteles e Hegel
DOI:
https://doi.org/10.5007/1677-2954.2018v17n2p159Resumo
Este artigo pretende mapear, comparativamente, o lugar destinado à mulher no interior dos sistemas políticos de Platão, Aristóteles e Hegel a partir de um breve esboço de suas concepções sobre a natureza humana e a natureza feminina. Pretender-se- á indicar em que medida há uma relação, ora de tensão, ora de complementaridade, no
modo como elementos descritivos e prescritivos operam para circunscrever o espaço da mulher à esfera privada do lar, no caso das perspectivas aristotélica e hegeliana, e como a subordinação de elementos descritivos a elementos prescritivos permitem que a mulher ascenda à esfera pública sob a perspectiva platônica. Após traçar esse esboço, buscar-se- á sugerir como essa tensão, no caso da filosofia política de Hegel, resultará, por um lado,
numa explícita negação dos direitos políticos da mulher e, por outro, na possibilidade de vislumbrar a igualdade civil e política entre homens e mulheres a partir de um dispositivo interno e inerente ao sistema hegeliano, a saber, a noção de “segunda natureza” como reposição ética do natural.
Referências
ARENDT, H. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Forense Universitária, Rio de Janeiro, 10a edição, 2001.
ARISTOTE. L’Éthique à Nicomaque. Tradução, notas e comentários de R. Gauthier & J. Jolif. 2 tomos. Peeters, Leuven, 2002.
ARISTÓTELES. Metafísica. [Edición trilingue por Valentín García Yebra]. Madrid, Gredos, 1998.
ARISTÓTELES. Política. Tradução para a língua portuguesa de António Campelo de Amaral e Carlos de Carvalho Gomes, Vega, Lisboa, 1998.
ARISTOTLE. De Anima. Tradução de R. D. Hicks, Prometheus Books, New York, 1991.
ARISTOTLE. “Generation of animals”. In: BARNES, J. (org.). The Complete Works of Aristotle. Princeton University Press, 1995, pp.1111-1218.
BEAUVOIR, S. Le Deuxième Sexe. (2 vol.) Gallimard, Paris, 1976.
DOS SANTOS, M. “Notas sobre a prova aristotélica do ato sobre a potência em Metafísica Theta 8”. In: STORCK, A. & ZILLIG, R. (Orgs). Aristóteles: Ensaios de Ética e Metafísica, Linus, Porto Alegre, 2011.
HEGEL, G. W. F. Enciclopédia das ciências filosóficas em epítome. 3 volumes. Tradução para a língua portuguesa de Artur Morão, Edições 70, Lisboa, 1989.
HEGEL, G. W. F. Principes de la philosophie du droit. Gallimard, Paris, 1989.
JAEGER, W. Paidéia: A formação do homem grego. Tradução de Artur Parreira. Martins Fontes, São Paulo, 2001.
KERVÉGAN, J. “Toute vraie philosophie est un idéalisme - L’esprit et ses ‘natures’ ”. In: MALER, H. (Org.). Hegel passé, Hegel à venir, Harmattan, Paris, 1995, pp. 11-28.
NEWMAN, W. L. The politics of Aristotle. 4 Vol., Ayer Company, New Hampshire, 1991.
NUSSBAUM, M. “Aristotle on human nature and the foundations of ethics”. In: ALTHAM, J. & HARRISON, R. (Orgs.). World, Mind, and Ethics: Essays on the Ethical Philosophy of Bernard Williams, Cambridge, CUP, 1995, pp. 86-131.
PLATÃO. A República. Tradução para a língua portuguesa de Maria Helena da Rocha Pereira, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1985.
WOOD, A. Hegel’s ethical thought. Cambridge, CUP, 1990.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
![Licença Creative Commons](http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/3.0/88x31.png)
This obra is licensed under a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional