Republicanismo e justiça global em Philip Pettit

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2022.e90005

Palavras-chave:

Republicanismo, Justiça global, Soberania, Liberdade, Philip Pettit

Resumo

A perspectiva republicana da justiça global propõe o conceito de “soberania globalizada” como sendo a ampliação da liberdade como não-dominação ao contexto internacional. A teoria política republicana de Pettit observa que as crises econômicas e políticas da atualidade colocaram os Estados democráticos de direito sob o dilema de atender as exigências de sua população e os ditames das instituições financeiras. As instituições financeiras e bancárias estabeleceram as medidas de investimentos e de cerceamento em relação à política orçamentária dos Estados. Segundo Pettit, a lógica de ação das corporações financeiras se tornou transgressora à soberania e à autonomia dos Estados. O conceito republicano de “soberania globalizada” institui a forma dos princípios regulativos que deve reger as decisões políticas e se estabelece como o impedimento a qualquer arbitrariedade ou interferência de grupo político, financeiro ou de qualquer outra natureza que almeja a imposição da vontade sobre o arbítrio dos cidadãos e sobre a autonomia política dos países. O ideal de “soberania globalizada” possui a capacidade de conduzir ao aperfeiçoamento das relações entre os cidadãos e o Estado porque institui a forma política de contestação e de proteção contra qualquer dependência que o agente político possa ter em relação aos ditames das corporações financeiras e a intromissão de outro Estado na soberania estatal. Além disso, esse ideal de política internacional exige que os Estados atuem de forma cooperativa com os cidadãos de outros Estados que sofram com a extrema pobreza ou estejam em condições degradantes.

Biografia do Autor

Alberto Paulo Neto, PUC PR

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina (2006) mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) e Doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (2015). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ética e Filosofia Política, atuando principalmente nos seguintes temas/autores: Teorias da democracia, Teorias da justiça, Republicanismo e Liberalismo, Filosofia Política, Filosofia do Direito, Bioética, Filosofia da religião e Ética do discurso, Jürgen Habermas, Philip Pettit, Immanuel Kant. (Texto informado pelo autor)

Referências

BUCKINX, B.; TREJO-MATHYS, J.; WALIGORE, T. (eds.). The Republican Law of Peoples: A Restatement. London: Routledge, 2015.

GÄDEKE, D. The Domination of States: Towards an Inclusive Republican Law of Peoples. Global Justice: Theory Practice Rhetoric, v. 9, n. 1, 2016, p. 1-27.

HABERMAS, J. Entre naturalismo e religião: estudos filosóficos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2009.

HART, H. L. A. O conceito de direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994.

IP, K. K. W. Egalitarianism and Global Justice: From a Relational Perspective. New York: Palgrave Macmillan, 2016.

KANT, I. A Metafísica dos Costumes. Petrópolis: Vozes, 2013.

KANT, I. A Paz Perpétua e Outros Opúsculos. Lisboa: Edições 70, 1992.

KUKATHAS, C.; PETTIT, P. Rawls: A Theory of Justice and its critics. Cambridge: Polity Press, 1990.

LIST, C.; PETTIT, P. Group Agency: The possibility, design, and status of Corporate Agents. Oxford: OUP, 2011.

LIST, C.; PETTIT, P. Symposium on Group Agency: Replies to Gaus, Cariani, Sylvan and Briggs. Episteme, n. 9, 2012, p. 293-309.

LOVETT, F.; PETTIT, P. Neorepublicanism: a normative and institutional research program, Annual Review of Political Science, n. 12, 2009, p. 11-29.

MAYNOR, J. Republicanism in the modern world. Cambridge: Polity Press, 2003.

NAGEL, T. The Problem of Global Justice. Philosophy & Public Affairs, v. 32, n. 2, 2005, p. 113-147.

PETTIT, P. Republicanism: a theory of freedom and government. Oxford: Clarendon Press, 1997.

PETTIT, P. Democracy, National and International. Monist, v. 89, 2006, p. 302-25.

PETTIT, P. De la República a la Democracia. Revista Internacional de Pensamiento político, v. 4, 2009, p. 7-68.

PETTIT, P. Republican Law of Peoples. European Journal of Political Theory (Special issue on Republicanism and International Relations), 2010a, p. 70-94.

PETTIT, P. Legitimate International Institutions: A Neorepublican Perspective. In: John TASIOULAS, J. & BESSON, S. (eds.). The Philosophy of International Law. Oxford University Press, 2010b, p. 139-62.

PETTIT, P. Republican Reflections on the 15-M Movement, Books & Ideas, 20 September 2011.

PETTIT, P. On the people’s terms: a republican theory and model of democracy. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.

PETTIT, P. Just Freedom: A Moral Compass for a Complex World. New York: W. W. Norton, 2014.

PETTIT, P. The Republican Law of Peoples: A Restatement. In: BUCKINX, B.; TREJO-MATHYS, J.; WALIGORE, T. (eds.). Domination and Global Political Justice. London: Routledge, 2015, p. 37-70.

ROUSSEAU, J-J. Rousseau e as relações internacionais. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Brasília: EdUnB, 2003.

SAINT-PIERRE, Abbé de. Projeto para tornar perpétua a paz na Europa. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Brasília: EdUnB, 2003.

SEN, A. A ideia de justiça. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

SKINNER, Q. Liberty before liberalism. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

THOMAS, C. A. Globalizing sovereignty? Pettit’s neo-republicanism, international law, and international institutions. The Cambridge Law Journal, v. 74, n. 3, 2015, p. 568-591.

VIROLI, M. Republicanism. New York: Hill and Wang, 2002.

Downloads

Publicado

2022-11-04

Edição

Seção

Dossiê A recepção de À Paz Perpétua / The reception of Toward Perpetual Peace