“Qual a razão de eu, Schopenhauer, continuar leal a Mozart e Rossini?” Tentativa duma explicação. A estética musical de Schopenhauer como solução à dicotomia dos Enciclopedistas franceses Rameau e Rousseau

Autores

  • Cristóvão S. Marinheiro Universität des Saarlandes – Saarbrücken

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2012v11nesp1p273

Resumo

A estética musical schopenhaueriana é geralmente interpretada à luz da leitura que dela fizeram R. Wagner e F. Nietzsche. O seu grande mérito reside porém não na influência que ela veio a exercer, mas sim na capacidade que mostrou Schopenhauer em recolher e sobretudo em conciliar as posições antagonistas do século das Luzes com a sua intuição primeira de Vontade. A esse efeito propomos uma interpretação do § 52 da primeira edição do Mundo à luz de Rousseau, Rameau e Diderot, Wackenroder e Tieck. Estes autores enquadraram desde logo o pensamento de Schopenhauer, que se nos apresenta com duas analogias; a primeira, explícita, entre música e mundo, a segunda entre música e linguagem universal, ritmando o nosso artigo. Na sua primeira analogia, levantamos os “erros de compreensão” feitos por Schopenhauer, que nos levam à compreensão do enraizamento do seu pensamento musical no “baixo subentendido” de Rameau. A segunda analogia revela-se como uma ideia já presente nos pré-românticos Wackenroder e Tieck, i.e. a superioridade da música instrumental sobre a música vocal, da qual Schopenhauer soube tirar uma mais-valia metafísica ligando-a ao seu conceito de vontade. Esperamos com esta análise histórica de teoria musical oferecer elementos de resposta a um dos maiores enigmas da história da estética musical do século XIX: a incompreensão de Schopenhauer para com os músicos por ele inspirados.

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Publicado

2012-08-31

Edição

Seção

Artigos