Monismo social ou moral? Dos pressupostos teórico- sociais da teoria do reconhecimento de Axel Honneth

Autores

  • Nathalie Bressiani Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP)

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2016v15n1p169

Resumo

Este artigo visa compreender o estatuto do monismo do reconhecimento proposto por Axel Honneth, por meio de uma análise da relação estabelecida por ele entre reconstrução normativa e descrição social. Tendo esse objetivo, procuraremos inicialmente mostrar que, para reabrir o domínio do social e identificar um interesse mais realista à emancipação na sociedade, Honneth enfatiza a importância dos padrões institucionalizados do reconhecimento e das lutas morais no interior de todos os processos de reprodução social. Retomando, em seguida, algumas das críticas dirigidas a ele dessa perspectiva, argumentaremos que, nos momentos em que afirma que o funcionamento da economia pode ser compreendido a partir da teoria do reconhecimento, Honneth ignora a especificidade dos mecanismos econômicos de reprodução. Estendendo esse argumento às várias dimensões da reprodução social, mobilizaremos então diferentes autores para mostrar que, nas passagens em que defende que o desenvolvimento da sociedade está ancorado nos três padrões normativos de reconhecimento, Honneth parece fundir o nível da reconstrução normativa com o da descrição social, negligenciando com isso as relações de poder que permeiam a realidade social. Explicitando, por fim, a estratégia negativa de reconstrução utilizada por Honneth, concluímos o artigo mostrando como, ao partir das experiências de desrespeito, ele recusa as acusações de que o monismo do reconhecimento possui pretensões descritivas e lhe atribui um estatuto moral.

Biografia do Autor

Nathalie Bressiani, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP)

Nathalie Bressiani se formou em filosofia na Universidade de São Paulo em 2007. Em 2010, obteve o título de mestre pela mesma Universidade, com um trabalho sobre teoria crítica contemporânea. Em 2015, conclui seu doutorado em filosofia sobre Axel Honneth, também pela USP. Foi professora de Filosofia no curso de pós-graduação Globalização e Cultura na Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo (FESPSP). Participa do Grupo de Filosofia Alemã, na USP, e do Núcleo de Direito e Democracia, no CEBRAP, assim como da Comissão Editorial dos Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade. Atualmente, desenvolve pesquisa de pós-doutorado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP).

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Publicado

2016-09-02

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Artigos