A Paz Perpétua em Kant e Marianne ou história versus natureza em O Estado Comercial Fechado de Fichte

Autores

  • Luciano Carlos Utteich UNIOESTE 45 3379-7000

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2022.e90353

Palavras-chave:

Paz Perpétua, Transcendental, Estado racional, Fronteiras naturais

Resumo

A recepção de Fichte do opúsculo À Paz Perpétua (Zum ewigen Frieden) de Kant tanto confirmou os elementos que preparava para sua teoria do Direito Natural como motivou aprofundar o tema da Paz Perpétua na perspectiva de um Estado Comercial internamente regulado por leis para torná-lo autossuficiente e independente. Ao identificar, como diferença na planificação da Paz Perpétua, o apelo à natureza em Kant e à razão prática em Fichte, o presente texto expõe o peculiar na tematização da história desde a função teórico-hipotética kantiana enquanto condição para descortinar o impulso para o progresso histórico, contrastado à teleologia prática no conceito racional de história na perspectiva fichtiana, que elucida o alcance da autossuficiência e independência do Estado existente como caminho mais curto em favor dos fins da humanidade perante o supremo fim prático. Na crítica à história subjacente aos Estados existentes, Fichte descortina o ponto de passagem para o Estado ideal, o Estado Comercial fechado, apontando a passividade à qual aderiam como mera consequência natural que deve ser substituída a fim de que o Estado assuma medidas racionais para implementar uma Política favorável à autonomia interna a cada país. Do contraste entre os dois autores extraímos os motivos de o Estado representar, no interior de suas fronteiras naturais, segundo Fichte, as únicas conquistas autênticas e dignas de qualquer Estado, bastando para isso estar ciente de que, ao invés de se deixar conduzir por uma visão natural de história, conduza a uma concepção racional dela.

Referências

FICHTE, J. G. A Doutrina da Ciência de 1794. In: FICHTE, Johann Gottlieb. A Doutrina da Ciência de 1794 e outros escritos. Trad. Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Abril Cultural, 1980, 35-195.

FICHTE, J. G. Reseña del Proyecto de “Paz Perpétua” de Kant. Revista Daimon. Nº 9, 1994, 373-381. Estudio Preliminar, Traducción y Notas Faustino Oncina Coves. Disponível em: https://revistas.um.es/daimon/article/view/13391/12921. Acessado em 20 de julho de 2022.

FICHTE, J. G. El Estado Comercial Cerrado. Un ensayo filosófico como Apéndice a la Doctrina del Derecho, y como muestra de una Política a seguir en el futuro. Trad. Jaime Franco Barrio. Madrid: Tecnos, 1991.

FICHTE, J. G. Contributi per rettificare i giudizi del pubblico sulla Rivoluzione Francese. [Beitrag zur Berichtigung der Urtheile des Publicums über die französische Revolution]. In: ___. Sulla Rivoluzione Francese. Sulla Libertà di Pensiero. Trad. Vittorio Enzo Alfieri. Roma: Editora Laterza, 1974, 52-305.

FICHTE, J. G. Contribuições para a Rectificação do juízo do Público sobre a Revolução Francesa. Livro Primeiro. Sobre a Avaliação da Legitimidade de uma Revolução. In: MORUJÃO, Carlos; OLIVEIRA, Cláudia; PEDRO, Teresa (Coord.). A Filosofia Alemã e a Revolução Francesa. Trad. Carlos Morujão, Cláudia Oliveira e Teresa Pedro. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2011, 73-94.

FICHTE, J. G. Fundamento do Direito Natural segundo os princípios da Doutrina da Ciência. Trad. José Lamego. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2012.

KANT, I. Ideia de uma História Universal de um ponto de vista cosmopolita. Trad. Ricardo R. Terra e Ricardo Naves. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

KANT, I. À Paz Perpétua: Um projeto filosófico. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Ed. Vozes, 2020.

KANT, I. Metafísica dos Costumes. Trad. Clélia Aparecida Martins. Petrópolis: Ed. Vozes, 2013.

KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Fernando Costa Mattos. São Paulo, Vozes, 2012.

KANT, I. Crítica da faculdade de julgar. Trad. Fernando Costa Mattos, Vozes, 2016.

KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. Guido Antônio de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial/Barcarolla, 2009.

KANT, I. Começo Conjectural da história humana. Trad. Edmilson Menezes. São Paulo: Editora UNESP, 2010.

KANT, I. Sobre a expressão corrente: isto pode ser correcto na teoria, mas nada vale na prática. In: KANT, Immanuel. A Paz Perpétua e outros opúsculos. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições Setenta, 1995, 57-102.

KANT, I. O Conflito das Faculdades. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições Setenta, 1993.

KANT, I; GENTZ, F. REHBERG, A. W. Über Theorie und Praxis. Einleitung von Dieter Henrich. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1967.

LÓPEZ-DOMÍNGUEZ, V. Sociedad y Estado en el pensamiento político de J. G. Fichte. Anales del Seminario de Historia de la Filosofía, n. 5, 1985, 111-121.

LÓPEZ-DOMÍNGUEZ, V. El cuerpo como símbolo: la teoría fichteana de la corporalidad en el sistema de Jena. In: LÓPEZ-DOMÍNGUEZ, Virginia (Ed.). Fichte 200 Años Después. Madrid: Editorial Complutense, 1996, 125-141.

MARKET, O. Fichte y Nietzsche. Reflexiones sobre el origen del nihilismo. Anales del Seminario de Historia de la Filosofía, n. 1, 1980, 105-119. Disponível em: https://revistas.ucm.es/index.php/ASHF/article/view/ASHF8080110105. Acessado em 20 de julho de 2022.

ONCINA COVES, F. Para la paz perpetua de Kant y el Fundamento del derecho natural de Fichte: encuentros y desencuentros. Revista de Filosofía Daimon, n.9, 1994, 323-339.

ONCINA COVES, F. El Tiempo del Derecho de Fichte en Jena: El Ritmo de la Ley Jurídica. Revista Estudios Histórico-jurídicos. Valparaíso, n.1, 1999, 317-334. Disponível en http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-54551999002100015&lng=es&nrm=iso. Acessado em 20 julho de 2022.

TORRETI, R. Kant y la filosofía de la historia. In: CORDUA, C.; TORRETI, R. Variedad en la razón: ensayos sobre Kant. Puerto Rico: Editorial de la Universidad de Puerto Rico, 199, 167-174.

Downloads

Publicado

2022-11-04

Edição

Seção

Dossiê A recepção de À Paz Perpétua / The reception of Toward Perpetual Peace