A pilha de Daniell: um estudo de caso histórico
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2021.e82360Resumo
O modelo didático da pilha de Daniell tem papel central no ensino de eletroquímica, associado a conceitos fundamentais, tais como as reações de oxirredução. O dispositivo criado originalmente por John F. Daniell (1790-1845), porém, apresenta diferenças em relação ao modelo didático difundido na atualidade. Este artigo apresenta um estudo de caso histórico sobre o desenvolvimento da pilha por Daniell em meados do século XIX. A análise das comunicações de Daniell acerca desse assunto à Royal Society revelam a influência de Michael Faraday e William Snow Harris sobre seus trabalhos. Foram necessários cerca de dez anos para que Daniell chegasse à versão final de sua pilha, com um eletrodo de zinco amalgamado em um eletrólito de ácido sulfúrico diluído, e outro eletrodo de cobre em contato com uma solução ácida de sulfato de cobre. A separação entre os eletrólitos, inicialmente feita com uma membrana de origem animal, foi posteriormente feita por um recipiente de argila porosa. Essa pilha, capaz de fornecer corrente contínua de maneira constante por um tempo considerável, foi fundamental para a expansão das redes telegráficas nessa época. A compreensão do processo de desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico, e de suas implicações para a sociedade, por meio de um estudo de caso histórico, pode trazer contribuições relevantes para o ensino de ciências na atualidade.
Referências
ANÔNIMO. Obituary notices of fellows deceased – Between 30th Nov. 1865 and 30th Nov. 1867. Sir William Snow Harris. Proceedings of the Royal Society of London, v. 16. London: Taylor and Francis, 1868, p. xviii-xxii.
BOULABIAR, A. et al. A historical analysis of the Daniell cell and eletrochemistry teaching in French and Tunisian textbooks. Journal of Chemical Education, v. 81, n. 5, p. 754-757, 2004.
BOYD, J. P. Triumphs and wonders of the 19th century, a volume of original, historic and descriptive writings showing the many and marvellous achievements which distinguish an hundred years of material, intellectual, social and moral progress. Philadelphia: A. J. Holman & Co., 1901.
BURNS, D. T. The state of chemistry in 1841. London Chemists and Chemistry, prior to the formation of the Chemical Society in 1841. Analytical Proceedings, v. 30, p. 334-337, 1993.
CUPANI, A.; PIETROCOLA, M. A Relevância da Epistemologia de Mário Bunge para o Ensino de Ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 19, p. 100-125, 2002.
DANIELL, J. F. An Introduction to the study of chemical philosophy: being a preparatory view which concur to produce chemical phenomena. London: John W. Parker, St. Martin’s Lane, 1839a.
DANIELL, J. F. An Introduction to the study of chemical philosophy: being a preparatory view which concur to produce chemical phenomena – second edition revised and enlarged. London: Marrison & Company Printers, St. Martin’s Lane, 1843.
DANIELL, J. F. On voltaic combinations. In a letter adressed to Michael Faraday, D. C. L., F. R. S., Fullerian Prof. Chem. Royal Institution, Corr. Memb. Royal & Imp. Acadd. of Science, Paris, Petersburgh, &c. By J. F. Daniell, F. R. S., Prof. Chem. in King’s College, London (1836a). Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rstl.1836.0012. Acesso em: mai. 2021.
DANIELL, J. F. Additional observations on voltaic combinations. In a letter adressed to Michael Faraday, D. C. L., F. R. S., Fullerian Prof. Chem. Royal Institution, Corr. Memb. Royal & Imp. Acadd. of Science, Paris, Petersburgh, &c. By J. F. Daniell, F.R.S., Prof. Chem. in King’s College, London (1836b). Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rstl.1836.0013. Acesso em: mai. 2021.
DANIELL, J. F. Further observations on voltaic combinations. In a letter adressed to Michael Faraday, Esq. D. C. L., F. R. S., Fullerian Prof. Chem. Royal Institution, Corr. Memb. Royal & Imp. Acadd. of Science, Paris, Petersburgh, &c. By J. F. Daniell, F.R.S., Prof. Chem. in King’s College, London (1837). Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rspl.1830.0285. Acesso em: mai. 2021.
DANIELL, J. F. Fifth letter on voltaic combinations, with some account of the effects of a large constant battery. Adressed to Michael Faraday Esq. D. C. L., F. R. S., Fullerian Prof. Chem. Royal Institution, Corr. Memb. Royal & Imp. Acadd. of Science, Paris, Petersburgh, &c. By J. F. Daniell, F. R. S., Prof. Chem. in King’s College, London. (1839b). Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rstl.1839.0007. Acesso em: mai. 2021.
GILLISPIE, C. John Frederic Daniell. Dictionary of Scientific Biography, s.v. New York: Charles Scribner's Sons, 1990.
GOLD, V. Samuel Taylor Coleridge and the appointment of J. F. Daniell, F. R. S., as Professor of Chemistry at King’s College London. Notes and Records of the Royal Society of London, v. 28, n. 1, p. 25-29, 1973.
HIGHTON, E. The Electric telegraph: its history and progress. London: John Weale, 1852.
HUUDERMAN, A. A. The worldwide history of telecommunications. Hoboken: John Wiley & Sons, 2003.
JAMES, F. A. L. John Frederic Daniell (1790-1845). Oxford Dictionary of National Biography, s. v. Oxford: Oxford University Press, 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1093/ref:odnb/7124. Acesso em: jan. 2021.
JARDIM, W. T.; GUERRA, A. A garrafa de Leiden em uma perspectiva histórica da ciência: replicando experimentos históricos e suas alternativas com materiais de baixo custo. Física na Escola, v.16, p. 36-43, 2018.
JUSTI, R. La enseñanza de ciencias basada en la elaboración de modelos. Enseñanza de las ciencias: revista de investigación y experiencias didácticas, v. 24, p. 173-84, 2006.
KOCHER, J. M. Das redes telegráficas às telefônicas: delineando uma evolução. Anais Scientiarum Historia VII, v. 1, s. p., 2014a.
KOCHER, J. M. Telegrafia no século XIX: ciência e técnica no contexto da industrialização. 2014b. Dissertação (Mestrado em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro.
LEONARDO, A. J. F. et al. A telegrafia eléctrica nas páginas de “O Instituto”, revista Acadêmica de Coimbra. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 31, p. 2601-1 a 2601-13, 2009.
MERTENS, J. From the lecture room to the workshop: John Frederic Daniell, the constant battery and electrometallurgy around 1840. Annals of Science, v. 55, n. 3, p. 241-261, 1998.
OWEN, D. The Constant Battery and the Daniell-Becquerel-Grove Controversy. Ambix, v. 48, n. 1, p. 25-40, 2001.
PREECE, W. H.; SIVEWRIGHT, M. A. Telegraphy. London: Longmans Green, 1876.
PRESCOTT, G. B. History, theory and practice of the eletric telegraph. Boston: Ticknor and Fields, 1860.
PRESCOTT, G. B. Electricity and the Electric Telegraph. 3rd. ed. New York: D. Appleton, 1879.
ROSS, S. Faraday Consults the Scholars: The Origins of the Terms of Electrochemistry. Notes and Records of the Royal Society of London, v. 16, n. 2, p. 187-220, 1961.
SANTOS, M. C. G.; PORTO, P. A.; KIOURANIS, N. M. M. Michael Faraday rumo às Leis da Eletrólise: alguns experimentos. Química Nova na Escola, v. 42, n. 4, p. 330-336, 2020.
SINGER, C. et al. A history of technology. Volume IV: the Industrial Revolution, 1750 to 1850. New York: Oxford University Press, 1958.
SISTRUNK, T. O. John Frederic Daniell. Journal of Chemical Education, v. 29, n. 1, p. 26-28, 1952.
WALANDA, D. K. et al. Misconceptions sequencing the chemical processes in Daniell and electrolysis cells amongst first-year science and mathematics education university students. Journal of Science Education, v. 18, p. 113-116, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE Certifico que participei da concepção do trabalho, em parte ou na íntegra, que não omiti quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias que possam ter interesse na publicação desse artigo. Certifico que o texto é original e que o trabalho, em parte ou na íntegra, ou qualquer outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, não foi enviado a outra revista e não o será enquanto sua publicação estiver sendo considerada pelo Caderno Brasileiro de Ensino de Física, quer seja no formato impresso ou no eletrônico.
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, SC, Brasil - - - eISSN 2175-7941 - - - está licenciada sob Licença Creative Commons > > > > >