Linguagem não-binária, para que te quero?
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2024.e102428Palavras-chave:
Linguagem não-binária, Disrupção de gênero, LGBTQIAP+fobiaResumo
O medo do uso da linguagem não-binária foi problematizado neste artigo. Questionamos as (in)visibilidades e também as (r)existências dos diversos modos de construção discursiva de gênero através de uma visão não dualista e crítica das estruturas sociais cis-heteronormativas. A abordagem escolhida foi baseada no arcabouço teórico-metodológico da interface entre Estudos Queer e estudos da linguagem (Bagno, 2012; Butler, 2003, 2004, 2007; Preciado, 2014), permitindo desvelar processos sociais numa perspectiva não essencialista das identidades. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa levando em consideração os fatos sociais, culturais e linguísticos. Consideramos que a língua é um fenômeno cultural cuja dinâmica social é que determina a criação, permanência e extinção de uma forma linguística. O ataque ou o riso, produzidos pelo estranhamento denotado por quem demonstrou repulsa ou desdém ao uso dessa linguagem disruptiva não é meramente uma questão linguística, uma suposta proteção à língua, mas sobretudo a não aceitação de uma gramática social, diversa e fluida. As expressões usadas para referenciar pessoas que destoam da generificação dicotômica causa fobia por incluir um contingente de pessoas historicamente silenciadas e marginalizadas em diversos campos sociais, nos quais o binarismo opera como sendo natural e inquestionável. Nosso percurso, neste artigo, é trazer o resultado da escuta atenta das experiências das usuárias da linguagem não-binária para uma melhor compreensão do fenômeno à luz de um pensamento crítico-reflexivo de uma epistemologia da pele.
Referências
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