A passiva possessiva em português: uma abordagem lexicalista com uma implementação computacional
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2018v15n4p3333Resumo
A passiva possessiva constitui um dos fenômenos gramaticais mais discutidos das línguas do leste asiático. Em português, embora comum, foi discutida, segundo parece, unicamente por Lunguinho (2011; 2013; 2016), numa abordagem transformacional, utilizando exemplos construídos. No presente artigo, contrapomo-nos a essa abordagem tanto no plano teórico quanto no metodológico. Por um lado, propomos uma análise puramente lexicalista no quadro dos modelos não transformacionais LFG e LDG. Por outro, recorremos a evidências extraídas de textos autênticos. Essa dupla estratégia permite explicar dados que não se encaixam na proposta de Lunguinho. Argumentamos que as propriedades distintivas dessa passiva resultam de uma regra lexical que estende a estrutura argumental de ter pela incorporação de uma variável de predicado à sua forma semântica. Essa variável é vinculada a um argumento predicativo, tornando ter um verbo de controle do objeto do tipo equi.Referências
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