Imagens para além da linguagem?: O anacronismo da hipótese foucaultiana de uma “ruína do simbolismo gótico” em História da Loucura

Autores

  • Gabriel Victor Rocha Pinezi Pós-doutorando do PPG em Letras - UNESP, Araraquara
  • Renan Pavini Doutorando em filosofia - PUC-PR

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2019v16n3p3917

Resumo

História da Loucura é um texto marcado pela crítica à tradição dialética que Nietzsche havia esboçado em seu Nascimento da Tragédia. Isto fica evidente quando Foucault diferencia dois tipos de “experiências” da loucura no limiar entre medievo e renascimento: uma experiência trágica da loucura, imperante nas artes plásticas de Bosch e Bruegel, em oposição a uma experiência crítica, que se expressa majoritariamente em textos literários moralistas e cômicos como de Brant e Erasmo. Com base nessa distinção, Foucault propõe que a diferença entre a experiência trágica e crítica da loucura se dá quando as imagens de Bosch revelam os limites da linguagem verbal, acontecimento histórico que chamou de “ruína do simbolismo gótico”. O objetivo deste artigo é ressaltar a anacronia desta interpretação histórica de Foucault, apontando para como a crítica de Nietzsche à tradição dialética de Platão e Hegel contribuiu para a formulação de uma hipótese sem rigor historiográfico.

Biografia do Autor

Gabriel Victor Rocha Pinezi, Pós-doutorando do PPG em Letras - UNESP, Araraquara

Doutor e mestre em Letras pela UEL. Foi pós-doutorando do PPG em Estudos Literários da UNESP-Araraquara (Bolsista PNPD) entre 2018 e 2019. Atualmente é professor colaborador do departamento de Letras da UNICENTRO-Guarapuava e da Especialização em Literatura da UNESPAR-Campo Mourão.

Renan Pavini, Doutorando em filosofia - PUC-PR

Doutor em letras na PUCPR, graduado em Filosofia, especialista em Filosofia Moderna e Contemporânea e Mestre em Letras, pela Universidade Estadual de Londrina.

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Publicado

2019-10-22