Entre prestígio e preconceito: a realização do /r/ retroflexo no sul do Pará

Autores

  • Manoella Gonçalves Bazzo UFT/Servidora
  • Tânia Ferreira Rezende UFG

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2021.e78657

Resumo

Os estudos sobre a variante retroflexa [?] se relacionam ao dialeto caipira (AMARAL, 1920) e à trilha das bandeiras, nas regiões do centro-sul brasileiro. Contudo, estudos indicam a ocorrência dessa variante no norte do Brasil (BRANDÃO, 2007; BAZZO, 2012), fenômeno pouco abordado nas pesquisas sociolinguísticas. Essa discussão se apoia nos resultados da pesquisa de campo, de cunho quali-quantitativa, realizada no município de Redenção – Pará, abordando a realização dessa variante entre redencenses. Embasada na Sociolinguística Laboviana, a pesquisa contou com a participação de 12 coparticipantes, cujos relatos foram transcritos, gerando a materialidade empírica do estudo. Constatamos que parte desses(as) coparticipantes avalia negativamente a [?], associando-a ao contexto rural redencense. Outra parte a associa ao contexto agropecuarista da região. Assim, à [?] é agregado prestígio sociolinguístico, relacionado à proposta de reconfiguração do caipira (AGUILERA; SILVA, 2015), tomando o produtor rural como índice de uma cultura country americana no contexto brasileiro (ALEM, 2005; OLIVEIRA, 2003).  

Biografia do Autor

Manoella Gonçalves Bazzo, UFT/Servidora

Mestra em Letras e Linguística, com ênfase em Estudos Linguísticos, pela UFG; Graduada em Letras - Língua Portuguesa, pela UEPA.

Tânia Ferreira Rezende, UFG

Doutora em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora Associada da Universidade Federal de Goiás, lotada no Departamento de Linguística e Língua Portuguesa da Faculdade de Letras; líder do Obiah Grupo T. de Estudos I. da Linguagem.

Referências

AGUILERA, V. de A.; SILVA, H. C. da. Uma nova configuração do caipira: ecos do /r/ retroflexo. Revista da ABRALIN, [S.l.], v. 14, n. 1, ago. 2015. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/abralin/article/view/42490. Acesso em: 14 ago. 2018.

ALMEIDA, R. H. Territorialização do campesinato no sudeste do Pará. 2006. Dissertação (Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento) – Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – NAEA, Universidade Federal do Pará, Belém, 2006. Disponível em: http://www.repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/1979. Acesso em: 10 dez. 2018

ALMEIDA JÚNIOR, J. F. Caipira picando fumo. 1893. 1 original de arte, óleo sobre tela, 202 x 141 cm. Coleção Pinacoteca do Estado de São Paulo. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2019. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caipira_picando_fumo.jpg. Acesso em: 20 set. 2019.

ALEM, J. Rodeios: a fabricação de uma identidade caipira-sertanejo-country no Brasil. Revista USP, n. 64, p. 94-121, fev. 2005. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13394. Acesso em: 07 dez. 2019.

AMARAL, A. O dialeto caipira. 1920. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000004.pdf. Acesso em: 31 jul. 2018.

BAZZO, M. G. Um olhar sociolinguístico sobre a linguagem em Redenção (PA): aspectos fonético-fonológicos. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Língua Portuguesa) – Universidade do Estado do Pará, Redenção, 2012.

BRANDÃO, S. F. Nas trilhas do –r retroflexo. Signum: Estudos Linguísticos, Londrina, n. 10/2, p. 265-283, dez. 2007. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/viewFile/4448/5073. Acesso em: 05 jul. 2018.

BENTES, E. dos S.; AMIN, M. M. Influência do processo migratório no desenvolvimento sustentável da Amazônia. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 53., 2005. Anais [...]. Ribeirão Preto: [s.n.], 2005. Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/2/496.pdf. Acesso em: 14 dez. 2018.

CARREÃO, V. A variante rótica retroflexa no português brasileiro: uma caminhada pela linguística histórica. Sociadialeto, v. 7, n. 20, p. 84-118, nov./ fev. 2017. Disponível em: http://sociodialeto.ojs.galoa.com.br/index.php/sociodialeto/article/view/10. Acesso em: 30 jun. 2019.

CARVALHO, J. R. de. Ensino de geografia, discursos e o espaço cultural escolar: diferenças e identidades etnicorraciais e regionais em escolas pública de Redenção, Pará, 2019. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás, 2019. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/9657. Acesso em: 16 jun. 2019.

CARVALHO, J. R. de. Cultura e relações de poder : modos de territorialidades hegemônicas e de resistências subalternas em Redenção, Sul do Pará. In: CARVALHO, J. R. de; LIMA, M. P. (org.). História, cultura, educação e sentidos identitários no Vale do Araguaia Paraense. Goiânia: Kelps, 2018. p. 96-123

CASTANHEIRA, K. A. de A. F. Guaimbê: a construção de uma comunidade de participação por meio de práticas de nomeação. 2013.113 f. Dissertação (Mestrado em Letras e Linguística) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2013. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/3104 Acesso em: 13 jan. 2019.

FAPESPA. Fundação Amazônia de Amparo a Estudo e Pesquisas. Diretoria de Estatística e de Tecnologia e Gestão da Informação. Estatísticas Municipais Paraenses: Redenção. Belém, 2017. Disponível em: http://www.fapespa.pa.gov.br/upload/Arquivo/anexo/1252.pdf?id=1535222491. Acesso em: 09 ago. 2018.

LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. Trad. Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008. 392 p.

LEITE, C. M. B. Atitudes linguísticas: a variante retroflexa em foco. 2004. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP, 2004. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/268969. Acesso em: 14 ago. 2018.

MIGNOLO, W. Epistemic disobedience, independent thought and de-colonial freedom. Theory, cultura and society, v. 26 (7/8), p. 1-23, 2009. Disponível em: http://waltermignolo.com/wp-content/uploads/2013/01/epistemicdisobedience.pdf. Acesso em: 31 mar. 2018.

MIGNOLO, W. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Trad. Ângela Lopes Norte. Cadernos de Letras da UFF, Rio de janeiro, n. 34, p. 287-324, 2008. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/34/traducao.pdf. Acesso em: 23 mar. 2018.

MOLLICA, M. C. Fundamentação teórica: conceituação e delimitação. In: MOLLICA, M. C; BRAGA, M. L. (org.). Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2012. p. 10-14.

OLIVEIRA, L. L. Do Caipira Picando Fumo a Chitãozinho e Xororó, ou da roça ao rodeio. Revista USP, São Paulo, n. 59, p. 232-257, set./ nov. 2003. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13291. Acesso em: 07 dez. 2019.

OUSHIRO, L.; MENDES, R. B. A pronúncia de (–r) em coda silábica no português paulistano. Revista do GEL, v. 8, n. 2, p. 66-95, 2011. Disponível em: http://projetosp2010.fflch.usp.br/sites/projetosp2010.fflch.usp.br/files/OUSHIRO-MENDES_2013-RCoda-SP.pdf. Acesso em: 14 ago. 2018.

PAES, M. H. Ss. A variável (R) em coda silábica medial no bairro Várzea, em Lagoa Santa-MG. 2014. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. Disponível em: http://www.poslin.letras.ufmg.br/defesas/1637M.pdf. Acesso em: 17 ago. 2019.

QUIJANO, A. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú indígena, v. 13, n. 29, p. 11-20, 1992. Disponível em: http://www.lavaca.org/wp-content/uploads/2016/04/quijano.pdf. Acesso em: 15 dez. 2018.

REZENDE, T. F.; SILVA, D. M. da. Desobediência linguística: por uma epistemologia liminar que rasure a normatividade da língua portuguesa. Porto das Letras, v. 4, n. 1, p. 174-202, 2018. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/5534. Acesso em: 15 jul. 2019.

REZENDE, T. F. Tendências à padronização da realização fonética do /r/ em Goiás. In: CARDOSO, C. R.; SCHERRE, M. M. P.; LIMA-SALLES, H. M. M.; PACHECO, C. (org.). Variação linguística – contato de línguas e educação. Campinas: Pontes, 2013. p. 15-35.

REZENDE, T. F. Falares rurais brasileiros. Revista UFG, Goiânia, v. 7, n. 1, 2005. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/download/49115/24115. Acesso em: 07 abr. 2019.

RIBEIRO, D. O que é lugar de fala? Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando, 2017.

RONCARATI, C. Prestígio e preconceito linguísticos. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Preconceito linguístico e cânone literário, n. 36, p. 45-46, 1. sem. 2008. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/36/artigo2.pdf. Acesso em: 03 set. 2019.

SANTOS, B. de S. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática. 4. ed. São Paulo; Cortez, 2002.

SILVA, H. C. da. O /R/ caipira no Triângulo Mineiro: um estudo dialetológico e de atitudes linguísticas, 2012. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) – Centro de Letras e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Londrina, 2012. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000176577. Acesso em: 01 jul. 2019.

VAZ, V. A formação dos latifúndios no sul do Estado do Pará: terra, pecuária e desflorestamento. 2013. 166 f., Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável) –Universidade de Brasília, Brasília, 2013. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/14836. Acesso em: 14 abr. 2019.

Downloads

Publicado

2021-11-29

Edição

Seção

Artigo