Proxêmica linguístico-discursiva: um mecanismo de modalização intersubjetiva
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e81072Resumo
A partir das contribuições conceituais de proxêmica e de proxêmica verbal, propomos, neste artigo, a construção do conceito de proxêmica linguístico-discursiva, que, em linhas gerais, constitui um mecanismo, ao mesmo tempo, (não)linguístico e discursivo, responsável pela regulação das distâncias interlocutivas. Para tanto, utilizaremos três textos empíricos, com a finalidade de dar visibilidade a esse mecanismo em três campos teóricos distintos: a teoria de (im)polidez e a noção de face; a noção de gêneros discursivos; e a indexicalidade comum às pistas contextualizadoras, à referenciação e à dêixis social/discursiva. Em suma, constatamos que a proxêmica linguístico-discursiva, presente nos três campos teóricos, se relaciona ao estabelecimento de interações mais/menos (as)simétricas.
Referências
ADENDORFF, R. D. The functions of code switching among high school teachers and students in KwaZulu and implications for teacher education. In: BAILEY, K. M.; NUNAN, D. (ed.). Voices From the Language Classroom: Qualitative research in second language education. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. p. 388-406.
ALBUQUERQUE, R. Um estudo de polidez no contexto de L2: estratégias de modalização de atos impositivos por falantes de espanhol. 2015. 372 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
ALBUQUERQUE, R. A noção de gêneros textuais no ensino de português brasileiro como língua adicional (PBLA): por uma prática centrada na cena genérica. In: SILVA, F. C. O.; VILARINHO, M. M. O. (org.). O que a distância revela: Diálogos em Português Brasileiro como Língua Adicional. Brasília: UAB, 2017. p. 169-192.
ALBUQUERQUE, R.; MUNIZ, A. A enunciação de pedidos como estratégia de (im)polidez no contexto de ensino de português brasileiro como língua adicional. Soletras, n. 39, p. 165-191, 2020.
ALBUQUERQUE, R.; ARAÚJO, P. H. S. A aquisição da competência metagenérica na escrita de uma carta de leitor: um estudo de caso no contexto de ensino de português brasileiro como língua adicional. Veredas, v. 25, n. 2, p. 344-373, 2021.
ARCHER, D.; AIJMER, K.; WICHMANN, A. Pragmatics: an advanced resource book for students. London: Routledge, 2012.
AUSTIN, J. L. How to do things with words. Oxford: Oxford University Press, 1975 [1962].
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. Prefácio à edição francesa Tzvetan Todorov. Introdução e tradução Paulo Bezerra. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010 [1992].
BATESON, G. A Theory of Play and Fantasy. In: BATESON, G. Steps to an ecology of mind: collected essays in Anthropology, Psychiatry, Evolution, and Epistemology. Northvale, New Jersey/London: Jason Aronson Inc, 1987 [1972]. p. 183-198.
BAZERMAN, C. Speech Acts, Genres, and Activity Systems: How Texts Organize Activity and People. In: WARDLE, E.; DOWNS, D. (ed.). Writing about writing: A College Reader. Boston/New York: Bedford/St. Martin’s, 2014 [2004]. p. 365-394.
BLITVICH, P. G-C.; SIFIANOU, M. Im/politeness and discursive pragmatics. Journal of Pragmatics, v. 145, p. 91-101, 2019. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378216618306301. Acesso em: 30 ago. 2020.
BRAIT, B. Estilo. In: BRAIT, B. (org.). Bakhtin: conceitos-chave. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2012. p. 79-102.
BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos: Por um interacionismo sociodiscursivo. Tradução Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: EDUC, 2007 [1999].
BROWN, P; LEVINSON, S. Politeness: some universals in language usage. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.
CARREIRA, M. H. Modalisation linguistique en situation d’interlocution: proxémique verbale et modalités en portugais. Louvain-Paris: Peters, 1997.
CARREIRA, M. H. A. Deixis e proxémica verbal: Percursos enunciativos e processos discursivos. In: OLIVEIRA, F.; DUARTE, I. M. (org.). O Fascínio da Linguagem. Actas do Colóquio de Homenagem a Fernanda Irene Fonseca. Porto: Faculdade de Letras, 2008. p. 45-53.
CARREIRA, M. H. A. Cortesia e proxémica: abordagem semântico-pragmática In: SEARA, I. R. (coord.). Cortesia: Olhares e (re)invenções. Portugal: Chiado, 2014. p. 27-46.
CARREIRA, M. H. Un modele semantique pour l’etude de la proxemique verbale dans le cadre de la semiotique des cultures. Acta semiótica et linguística, Université Paris 8, v. 20, n. 1, p. 1-8, 2015.
CARREIRA, M. H. A. Formas de tratamento de português como designação do outro e de si: perspectivas de investigação e transposição didáctica. Cadernos de PLE 1, 2017a. Disponível em: http://varialing.web.ua.pt/wp-content/uploads/2017/03/Helena-Carreira_PLE1.pdf. Acesso em: 30 ago. 2020.
CARREIRA, M. H. A. Contribution à l’etude de la proxémique verbale em Portugais: distance, proximité, enonciation et interlocution. Studia Universitatis Babes-Bolyai – Philologia, v. 62, n. 4, p. 9-16, 2017b.
CHARAUDEAU, P. Linguagem e discurso: modos de organização. Tradução Angela M. S. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2008.
CULPEPER, J. Towards an anatomy of impoliteness. Journal of Pragmatics, v. 25, n. 3, p. 349-367, 1996. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0378216695000143. Acesso em: 30 ago. 2020.
CULPEPER, J. Impoliteness: Using Language to Cause Offence. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.
CULPEPER, J.; HAUGH, M.; KÁDÁR, D. Z. The Palgrave Handbook of Linguistic (Im)politeness. London: Palgrave Macmillan, 2017.
EELEN, G. A Critique of Politeness Theories. Manchester: St. Jerome, 2001.
FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016.
FERREIRA, A. B. H. Aurélio: o dicionário da língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2008.
FORMOLO JÚNIOR, M. J. Aquele Mário Desenhos. 2015. Disponível em: http://www.jornaldebeltrao.com.br/noticia/232707/uso-descontrolado-de-celulares-dificulta-o-aprendizado-na-escola. Acesso em: 15 out. 2018.
FRASER, B.; NOLEN, W. The association of deference with linguistic form. International Journal of the Sociology of Language, n. 27, p. 93-109, 1981. Disponível em: http://www.degruyter.com/view/journals/ijsl/1981/27/article-p93.xml. Acesso em: 30 ago. 2020.
GOFFMAN, E. The Neglected Situation. American Anthropologist, v. 66, n. 6 (pt. 2), p. 133-136, 1964.
GOFFMAN, E. Interaction Ritual: essays on face-to-face behavior. UK: Penguin University Books, 1967.
GOFFMAN, E. Frame Analysis: An Essay on the Organization of Experience. Boston: Northeastern University Press, 1986 [1974].
GOFFMAN, E. Footing. Tradução Beatriz Fontana. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. (org.). Sociolinguística Interacional. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2002 [1979]. p. 107-148.
GOLD, M. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
GUMPERZ, J. J. Discourse strategies. Cambridge: Cambridge University Press, 1982.
GUMPERZ, J. J. Interactional Sociolinguistics: A Personal Perspective. In: SCHIFFRIN, D.; TANNEN, D.; HAMILTON, H. E. (ed.). The Handbook of Discourse Analysis. USA: Blackwell Publishers, 2001. p. 215-228.
HAUGH, M.; CULPEPER, J. Integrative pragmatics and (im)politeness theory. In: ILIE, C.; NORRICK, N. R. (ed.). Pragmatics and its Interfaces. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2018. p. 213-239.
HALL, E. T. The Silent Language. New York: A Premier Book, 1965 [1959].
HALL, E. T. A System for the Notation of Proxemic Behavior. American Anthropologist, v. 65, n. 5, p. 1003-1026, 1963.
HALL, E. T. A dimensão oculta. Tradução Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio d’água, 1986 [1966].
HALL, E. T. et al. Proxemics [and Comments and Replies]. Chicago Journals, v. 9, n. 2-3, p. 83-108, 1968.
KERBRAT-ORECCHIONI, C. Les interactions verbales. Tome 2. Paris: Armand Colin, 1992.
KERBRAT-ORECCHIONI, C. Análise da Conversação. Tradução Carlos Piovezani Filho. São Paulo: Parábola, 2006 [1996].
KERBRAT-ORECCHIONI, C. ¿Es universal la cortesía? In: BRAVO, D.; BRIZ, A. (ed.). Pragmática Sociocultural: estudios sobre el discurso de cortesía en español. España: Ariel Linguística, 2004. p. 39-53.
KNAPP, M. L. Nonverbal Communication in Human Interaction. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1972.
KNAPP, M. L.; HALL, J. A. Nonverbal Communication in Human Interaction. 3. ed. USA: Harcourt Brace Jovanovich, 1992.
KOCH, I. V. A inter-ação pela linguagem. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1998.
KOCH, I. V. Desvendando os segredos do texto. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2015.
KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2008.
KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012.
LAKOFF, R. T. The logic of politeness; or, minding your p’s and q’s. In: CORUM, C. et al. (ed.). Papers from the Ninth Regional Meeting of the Chicago Linguistic Society. Chicago: 1973. p. 292-305.
LEECH, G. Principles of Pragmatics. London: Longman, 1983.
LEVINSON, S. C. Pragmática. Tradução Luís Carlos Borges e Aníbal Mari. São Paulo: Martins Fontes, 2007 [1983].
LOCHER, M.; WATTS, R. Politeness theory and relational work. J. Politeness Res., v. 1, p. 9-33, 2005. Disponível em: http://www.degruyter.com/view/journals/jplr/1/1/article-p9.xml. Acesso em: 30 ago. 2020.
MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R. e BEZERRA, M. A. (org.). Gêneros textuais & ensino. São Paulo: Parábola, 2010. p. 19-38.
MILLER, C. R. Genre as social action. Quartely Journal of Speech, v. 70, n. 2, p. 151-67, 1984. Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00335638409383686. Acesso em: 30 ago. 2020.
MILLER, C. R. Rethorical Community: The Cultural Basis of Genre. In: FREEDMAN, A.; MEDWAY, P. (ed.). Genre and the New Rethoric. London: Taylor & Francis, 1994. p. 67-78.
MILLS, S. Gender and Politeness. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
MONDADA, L.; DUBOIS, D. Construction des objets de discours et catégorisation: une approche des processus de référenciation. Tranel., v. 23, p. 273-302, 1995.
MORATO, E. M. Linguagem e Cognição - As reflexões de L.S. Vygotsky sobre a ação reguladora da Linguagem. São Paulo: Plexus, 1996.
MORATO, E. M. A noção de frame no contexto neurolinguístico: o que ela é capaz de explicar? Cadernos de letras da UFF, n. 41, p. 93-113, 2010. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/41/artigo4.pdf. Acesso em: 30 ago. 2020.
NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. 2. ed. São Paulo: Unesp, 2011.
PAIVA, V. L. M. O. E-mail: um novo gênero textual. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (org.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 68-90.
RECTOR, M.; TRINTA, A. R. Comunicação não-verbal: a gestualidade brasileira. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1986.
ROCHA, S. P. Integrar o G-mail com a Google Agenda. 2011. Disponível em: http://setesys.com.br/blog/integrar-gmail-agenda/. Acesso em: 15 out. 2018.
SOUZA, F. C. Turma do Quiabo 17 – Alfabetização. 2012. Disponível em: http://www.vardomirices.com.br/2012/07/alfabetizacao.html. Acesso em: 15 out. 2018.
STREECK, J. Ecologies of gesture. In: STREECK, J. (ed.). New Adventures in Language and Interaction. Amsterdam & Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2010. p. 223-242.
TANNEN, D.; WALLAT, C. Interative Frames and Knowledge Schemas in Interaction: Examples from a Medical Examination/Interview. Social Psychology Quarterly, v. 50, n. 2, p. 205-2016, June 1987.
TURNBULL, W.; SAXTON, K. L. Modal expressions as facework in refusals to comply with requests: I think I should say ‘no’ right now. Journal of Pragmatics, v. 27, n. 2, p. 145-81, 1997. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378216696000343. Acesso em: 30 ago. 2020.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os trabalhos publicados passam a ser de direito da Revista Fórum Linguístico, ficando sua reimpressão, total ou parcial, sujeita à autorização expressa da Comissão Editorial da revista. Deve ser consignada a fonte de publicação original.
Esta publicação está regida por uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.