Proxêmica linguístico-discursiva: um mecanismo de modalização intersubjetiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e81072

Resumo

A partir das contribuições conceituais de proxêmica e de proxêmica verbal, propomos, neste artigo, a construção do conceito de proxêmica linguístico-discursiva, que, em linhas gerais, constitui um mecanismo, ao mesmo tempo, (não)linguístico e discursivo, responsável pela regulação das distâncias interlocutivas. Para tanto, utilizaremos três textos empíricos, com a finalidade de dar visibilidade a esse mecanismo em três campos teóricos distintos: a teoria de (im)polidez e a noção de face; a noção de gêneros discursivos; e a indexicalidade comum às pistas contextualizadoras, à referenciação e à dêixis social/discursiva. Em suma, constatamos que a proxêmica linguístico-discursiva, presente nos três campos teóricos, se relaciona ao estabelecimento de interações mais/menos (as)simétricas.

Biografia do Autor

Rodrigo Albuquerque, Universidade de Brasília

É professor adjunto I no Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília (UnB), atuando, especialmente, nas áreas seguintes: sociolinguística interacional, estudos etnográficos, cognição social, linguística de texto e ensino de português como primeira e segunda língua. Sobre a formação acadêmica, é Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília, Mestre em Linguística pela mesma universidade e graduado em Letras Português do Brasil como Segunda Língua também na UnB.

Aline Muniz, Universidade de Brasília

Possui graduação em Letras - Português do Brasil como Segunda Língua, pela Universidade de Brasília (UnB) e Mestrado em Linguística, pelo Programa de Pós-Graduação em Lingüística (PPGL) da mesma instituição, na linha de pesquisa Língua, Interação Sócio-cultural e Letras. Como pesquisadora de iniciação científica, desenvolveu seu trabalho na área de léxico para estrangeiros aprendizes do português brasileiro como segunda língua. Participou do grupo de pesquisa (Im)polidez em diferentes contextos sociais / interculturais.

Referências

ADENDORFF, R. D. The functions of code switching among high school teachers and students in KwaZulu and implications for teacher education. In: BAILEY, K. M.; NUNAN, D. (ed.). Voices From the Language Classroom: Qualitative research in second language education. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. p. 388-406.

ALBUQUERQUE, R. Um estudo de polidez no contexto de L2: estratégias de modalização de atos impositivos por falantes de espanhol. 2015. 372 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

ALBUQUERQUE, R. A noção de gêneros textuais no ensino de português brasileiro como língua adicional (PBLA): por uma prática centrada na cena genérica. In: SILVA, F. C. O.; VILARINHO, M. M. O. (org.). O que a distância revela: Diálogos em Português Brasileiro como Língua Adicional. Brasília: UAB, 2017. p. 169-192.

ALBUQUERQUE, R.; MUNIZ, A. A enunciação de pedidos como estratégia de (im)polidez no contexto de ensino de português brasileiro como língua adicional. Soletras, n. 39, p. 165-191, 2020.

ALBUQUERQUE, R.; ARAÚJO, P. H. S. A aquisição da competência metagenérica na escrita de uma carta de leitor: um estudo de caso no contexto de ensino de português brasileiro como língua adicional. Veredas, v. 25, n. 2, p. 344-373, 2021.

ARCHER, D.; AIJMER, K.; WICHMANN, A. Pragmatics: an advanced resource book for students. London: Routledge, 2012.

AUSTIN, J. L. How to do things with words. Oxford: Oxford University Press, 1975 [1962].

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. Prefácio à edição francesa Tzvetan Todorov. Introdução e tradução Paulo Bezerra. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010 [1992].

BATESON, G. A Theory of Play and Fantasy. In: BATESON, G. Steps to an ecology of mind: collected essays in Anthropology, Psychiatry, Evolution, and Epistemology. Northvale, New Jersey/London: Jason Aronson Inc, 1987 [1972]. p. 183-198.

BAZERMAN, C. Speech Acts, Genres, and Activity Systems: How Texts Organize Activity and People. In: WARDLE, E.; DOWNS, D. (ed.). Writing about writing: A College Reader. Boston/New York: Bedford/St. Martin’s, 2014 [2004]. p. 365-394.

BLITVICH, P. G-C.; SIFIANOU, M. Im/politeness and discursive pragmatics. Journal of Pragmatics, v. 145, p. 91-101, 2019. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378216618306301. Acesso em: 30 ago. 2020.

BRAIT, B. Estilo. In: BRAIT, B. (org.). Bakhtin: conceitos-chave. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2012. p. 79-102.

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos: Por um interacionismo sociodiscursivo. Tradução Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: EDUC, 2007 [1999].

BROWN, P; LEVINSON, S. Politeness: some universals in language usage. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

CARREIRA, M. H. Modalisation linguistique en situation d’interlocution: proxémique verbale et modalités en portugais. Louvain-Paris: Peters, 1997.

CARREIRA, M. H. A. Deixis e proxémica verbal: Percursos enunciativos e processos discursivos. In: OLIVEIRA, F.; DUARTE, I. M. (org.). O Fascínio da Linguagem. Actas do Colóquio de Homenagem a Fernanda Irene Fonseca. Porto: Faculdade de Letras, 2008. p. 45-53.

CARREIRA, M. H. A. Cortesia e proxémica: abordagem semântico-pragmática In: SEARA, I. R. (coord.). Cortesia: Olhares e (re)invenções. Portugal: Chiado, 2014. p. 27-46.

CARREIRA, M. H. Un modele semantique pour l’etude de la proxemique verbale dans le cadre de la semiotique des cultures. Acta semiótica et linguística, Université Paris 8, v. 20, n. 1, p. 1-8, 2015.

CARREIRA, M. H. A. Formas de tratamento de português como designação do outro e de si: perspectivas de investigação e transposição didáctica. Cadernos de PLE 1, 2017a. Disponível em: http://varialing.web.ua.pt/wp-content/uploads/2017/03/Helena-Carreira_PLE1.pdf. Acesso em: 30 ago. 2020.

CARREIRA, M. H. A. Contribution à l’etude de la proxémique verbale em Portugais: distance, proximité, enonciation et interlocution. Studia Universitatis Babes-Bolyai – Philologia, v. 62, n. 4, p. 9-16, 2017b.

CHARAUDEAU, P. Linguagem e discurso: modos de organização. Tradução Angela M. S. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2008.

CULPEPER, J. Towards an anatomy of impoliteness. Journal of Pragmatics, v. 25, n. 3, p. 349-367, 1996. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0378216695000143. Acesso em: 30 ago. 2020.

CULPEPER, J. Impoliteness: Using Language to Cause Offence. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

CULPEPER, J.; HAUGH, M.; KÁDÁR, D. Z. The Palgrave Handbook of Linguistic (Im)politeness. London: Palgrave Macmillan, 2017.

EELEN, G. A Critique of Politeness Theories. Manchester: St. Jerome, 2001.

FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016.

FERREIRA, A. B. H. Aurélio: o dicionário da língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2008.

FORMOLO JÚNIOR, M. J. Aquele Mário Desenhos. 2015. Disponível em: http://www.jornaldebeltrao.com.br/noticia/232707/uso-descontrolado-de-celulares-dificulta-o-aprendizado-na-escola. Acesso em: 15 out. 2018.

FRASER, B.; NOLEN, W. The association of deference with linguistic form. International Journal of the Sociology of Language, n. 27, p. 93-109, 1981. Disponível em: http://www.degruyter.com/view/journals/ijsl/1981/27/article-p93.xml. Acesso em: 30 ago. 2020.

GOFFMAN, E. The Neglected Situation. American Anthropologist, v. 66, n. 6 (pt. 2), p. 133-136, 1964.

GOFFMAN, E. Interaction Ritual: essays on face-to-face behavior. UK: Penguin University Books, 1967.

GOFFMAN, E. Frame Analysis: An Essay on the Organization of Experience. Boston: Northeastern University Press, 1986 [1974].

GOFFMAN, E. Footing. Tradução Beatriz Fontana. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. (org.). Sociolinguística Interacional. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2002 [1979]. p. 107-148.

GOLD, M. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

GUMPERZ, J. J. Discourse strategies. Cambridge: Cambridge University Press, 1982.

GUMPERZ, J. J. Interactional Sociolinguistics: A Personal Perspective. In: SCHIFFRIN, D.; TANNEN, D.; HAMILTON, H. E. (ed.). The Handbook of Discourse Analysis. USA: Blackwell Publishers, 2001. p. 215-228.

HAUGH, M.; CULPEPER, J. Integrative pragmatics and (im)politeness theory. In: ILIE, C.; NORRICK, N. R. (ed.). Pragmatics and its Interfaces. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2018. p. 213-239.

HALL, E. T. The Silent Language. New York: A Premier Book, 1965 [1959].

HALL, E. T. A System for the Notation of Proxemic Behavior. American Anthropologist, v. 65, n. 5, p. 1003-1026, 1963.

HALL, E. T. A dimensão oculta. Tradução Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio d’água, 1986 [1966].

HALL, E. T. et al. Proxemics [and Comments and Replies]. Chicago Journals, v. 9, n. 2-3, p. 83-108, 1968.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. Les interactions verbales. Tome 2. Paris: Armand Colin, 1992.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. Análise da Conversação. Tradução Carlos Piovezani Filho. São Paulo: Parábola, 2006 [1996].

KERBRAT-ORECCHIONI, C. ¿Es universal la cortesía? In: BRAVO, D.; BRIZ, A. (ed.). Pragmática Sociocultural: estudios sobre el discurso de cortesía en español. España: Ariel Linguística, 2004. p. 39-53.

KNAPP, M. L. Nonverbal Communication in Human Interaction. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1972.

KNAPP, M. L.; HALL, J. A. Nonverbal Communication in Human Interaction. 3. ed. USA: Harcourt Brace Jovanovich, 1992.

KOCH, I. V. A inter-ação pela linguagem. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1998.

KOCH, I. V. Desvendando os segredos do texto. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2015.

KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2008.

KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

LAKOFF, R. T. The logic of politeness; or, minding your p’s and q’s. In: CORUM, C. et al. (ed.). Papers from the Ninth Regional Meeting of the Chicago Linguistic Society. Chicago: 1973. p. 292-305.

LEECH, G. Principles of Pragmatics. London: Longman, 1983.

LEVINSON, S. C. Pragmática. Tradução Luís Carlos Borges e Aníbal Mari. São Paulo: Martins Fontes, 2007 [1983].

LOCHER, M.; WATTS, R. Politeness theory and relational work. J. Politeness Res., v. 1, p. 9-33, 2005. Disponível em: http://www.degruyter.com/view/journals/jplr/1/1/article-p9.xml. Acesso em: 30 ago. 2020.

MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R. e BEZERRA, M. A. (org.). Gêneros textuais & ensino. São Paulo: Parábola, 2010. p. 19-38.

MILLER, C. R. Genre as social action. Quartely Journal of Speech, v. 70, n. 2, p. 151-67, 1984. Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00335638409383686. Acesso em: 30 ago. 2020.

MILLER, C. R. Rethorical Community: The Cultural Basis of Genre. In: FREEDMAN, A.; MEDWAY, P. (ed.). Genre and the New Rethoric. London: Taylor & Francis, 1994. p. 67-78.

MILLS, S. Gender and Politeness. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

MONDADA, L.; DUBOIS, D. Construction des objets de discours et catégorisation: une approche des processus de référenciation. Tranel., v. 23, p. 273-302, 1995.

MORATO, E. M. Linguagem e Cognição - As reflexões de L.S. Vygotsky sobre a ação reguladora da Linguagem. São Paulo: Plexus, 1996.

MORATO, E. M. A noção de frame no contexto neurolinguístico: o que ela é capaz de explicar? Cadernos de letras da UFF, n. 41, p. 93-113, 2010. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/41/artigo4.pdf. Acesso em: 30 ago. 2020.

NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. 2. ed. São Paulo: Unesp, 2011.

PAIVA, V. L. M. O. E-mail: um novo gênero textual. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (org.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 68-90.

RECTOR, M.; TRINTA, A. R. Comunicação não-verbal: a gestualidade brasileira. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1986.

ROCHA, S. P. Integrar o G-mail com a Google Agenda. 2011. Disponível em: http://setesys.com.br/blog/integrar-gmail-agenda/. Acesso em: 15 out. 2018.

SOUZA, F. C. Turma do Quiabo 17 – Alfabetização. 2012. Disponível em: http://www.vardomirices.com.br/2012/07/alfabetizacao.html. Acesso em: 15 out. 2018.

STREECK, J. Ecologies of gesture. In: STREECK, J. (ed.). New Adventures in Language and Interaction. Amsterdam & Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2010. p. 223-242.

TANNEN, D.; WALLAT, C. Interative Frames and Knowledge Schemas in Interaction: Examples from a Medical Examination/Interview. Social Psychology Quarterly, v. 50, n. 2, p. 205-2016, June 1987.

TURNBULL, W.; SAXTON, K. L. Modal expressions as facework in refusals to comply with requests: I think I should say ‘no’ right now. Journal of Pragmatics, v. 27, n. 2, p. 145-81, 1997. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378216696000343. Acesso em: 30 ago. 2020.

Publicado

2023-01-30

Edição

Seção

Artigo