Cultura e discurso atravessados no corpo-mulher da Amazônia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2024.e94757Palavras-chave:
Mulher , Corpo, Amazônia, DiscursoResumo
Na Amazônia, os corpos e seus aspectos carregam significados singulares. São corpos ambivalentes entre natureza e cultura. Utilizamos a Análise de Discurso, de Michel Pêcheux, para assim pensar o corpo, sobretudo o corpo-mulher, como materialidade discursiva. Nesse território, existem lugares específicos baseados em gênero que afetam e regulam a vida das mulheres. Eventos biológicos, como menstruação, gravidez, puerpério, são socialmente estigmatizados e tratados com preconceito. Este atravessamento do patriarcado cunha o significante "panema" (azar) para se referir à mulher. O estar panema (aquela/e que traz má sorte) é uma condição sociobiológica que nutre os lugares constituídos de gênero em alguns territórios na Amazônia brasileira. É um termo usado para justificar as diversas interdições (gravidez, resguardo, menstruação) que afetam a mulher e o seu corpo, assim submetendo-os ao controle e poder alheios. Há uma representação ambivalente sobre o corpo das mulheres no imaginário social, de um lado alinhado ao discurso de que estas são frágeis, dóceis e virtuosas, de outro lado, com poderes e energias ominosas marcadas pelas expressões da natureza biológica. Esse conjunto de significados, quando examinado pela lente dos papéis de gênero, leva a mulher e seu corpo para uma posição limitante. Tal condição regula, manipula e violenta os corpos femininos, marcados pela ideologia patriarcal e seus articulados discursos.
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