Ensinar antropologia para não antropólogos: experiências e fronteiras em enfermagem

Autores

  • Maria Manuel Quintela Escola Superior de Enfermagem de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8034.2022.e80664

Resumo

Neste artigo, pretende-se refletir sobre o ensino de antropologia para não antropólogos. Essa reflexão é
feita a partir da nossa experiência de docência em cursos de enfermagem, apresentando algumas respostas possíveis para os dilemas surgidos nesse percurso. A narrativa é feita em dois eixos, a experiência e as fronteiras. O primeiro, centrado nas opções tomadas relativasaos conteúdos programáticos, à metodologia e às estratégias de ensino-aprendizagem utilizadas nalinha antropológica da orientação do “olhar” para a presença da diferença e da diversidade; o segundo, sobre os dilemas surgidos em sala de aula no contato com os estudantes, em que se jogam interfaces de saberes e se questionam as fronteiras disciplinares.

Biografia do Autor

Maria Manuel Quintela, Escola Superior de Enfermagem de Lisboa

Professora Coordenadora de Ciências Sociais no Departamento de Enfermagem de Saúde Comunitária
da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (Portugal). Leciona e coordena as unidades curriculares:
Antropologia e Sociologia (graduação); Antropologia e Saúde Pública (Mestrado em Enfermagem
Comunitária) e Socioantropologia das doenças crônicas (Mestrado em Enfermagem Médico-cirúrgica).
Doutorada em Antropologia Social e Cultural pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de
Lisboa; mestre em Antropologia e graduação em Antropologia Social pelo ISCTE-IUL. Graduação em
Enfermagem e especialização em Enfermagem de Saúde pública. É investigadora no Centro em Rede
de Investigação em Antropologia (CRIA – polo ISCTE-UL), onde coordena desde 2014 a Linha Temática
Antropologia da Saúde. Investigadora no Centro em Rede de Investigação em Antrpologia (ISCTE-IUL),
Lisboa, Portugal.

Referências

CARIA, Telmo. A constituição do saber profissional: uma contribuição interdisciplinar sobre a dualidade do uso social do conhecimento. Análise Social, [s.l.], v. 224, p. 498-532, 2017.

COEHEN, Anthony. Signifying Identities: Anthropological Perspectives on Boundaries and Contested Identities. London: Routledge,1999.

DURHAM, Eunice. Ensino de Antropologia. In: GROSSI, Miriam; TASSINARI, Antonella; RIAL, Carmen (org.). Ensino de Antropologia no Brasil: formação, práticas disciplinares e além-fronteiras. Florianópolis: Nova Letra, 2006. p. 207-208.

FRY, Peter. Formação ou Educação: os dilemas dos antropólogos perante a grade curricular. In: GROSSI, Miriam; TASSINARI, Antonella; RIAL, Carmen (org.). Ensino de Antropologia no Brasil: formação, práticas disciplinares e além-fronteiras. Florianópolis: Nova Letra, 2006. p. 59-75.

GEERTZ, Clifford. Do ponto de vista dos nativos: a natureza do entendimento antropológico. In: GEERTZ, Clifford. O saber local: Novos ensaios sobre antropologia interpretativista. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1997. p. 85-107.

GEERHARDT, Tatiana Engel. Cultura e cuidado: dilemas e desafios do ensino da antropologia na graduação em saúde colectiva. Saúde e Sociedade, [s.l.], v. 28, n. 2, p. 38-52, 2019.

GOFFMAN, Erving. Desempenhos. In: GOFFMAN, Erving. A Representação do Eu na Vida Quotidiana. Petrópolis: Vozes, 1985. p. 169-197.

GUSMÃO, Neuza. Antropologia e Educação. História e trajectos/Faculdade de Educação – UNICAMP. In: GROSSI, Miriam; TASSINARI, Antonella; RIAL, Carmen (org.). Ensino de Antropologia no Brasil: formação, práticas disciplinares e além-fronteiras. Florianópolis: Nova Letra, 2006. p. 299-331.

LANGDON, Jean; WIIK, Flavio. Antropologia, Saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde. Rev. Latino-Americana de Enfermagem, [s.l.], v. 18, n. 3, p. 174-181, 2010.

MALINOWSKI, Bronislaw. Os Argonautas do Pacífico Ocidental. Lisboa: Etnologia, [s.l.], v. 6-8, p. 17-38, 1997.

MENDONÇA, Manuela; VENTURA, Margarida. A Carta de Pêro Vaz de Caminha. Lisboa: Mar de Letras Editora, [1999 ou 2000].

MINNER, Horace. Body ritual among the Nacirema. American Anthropologist, [s.l.], v. 58, p. 503-507, 1956.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso. O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever. In: OLIVEIRA, Roberto Cardoso. O Trabalho do Antropólogo. São Paulo: UNESP, 1998. p. 17-35.

PEIRANO, Mariza. Há dez anos. In: GROSSI, Miriam; TASSINARI, Antonella; RIAL, Carmen (org.). Ensino de Antropologia no Brasil: formação, práticas disciplinares e além-fronteiras. Florianópolis: Nova Letra, 2006. p. 77-103.

RUSSO, Jane; CARRARA, Sérgio. Sobre as Ciências Sociais na Saúde Colectiva – com especial referência à Antropologia. Physis, [s.l.], v. 25, n. 2, p. 467-483, 2015.

SARTORI, Ary. A experiência como mediadora no ensino da antropologia para quem não vai ser antropólogo. 2010. 400p. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.

SILVA, Augusto Santos. A ruptura com o senso comum nas ciências sociais. In: SILVA, Augusto Santos et al. (org.). Metodologia das Ciências Sociais. Porto: Afrontamento, 1990. p. 30-53.

VELHO, Gilberto. Observando o familiar. In: VELHO, Gilberto. Individualismo e Cultura: notas para uma Antropologia das Sociedades Contemporâneas. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1987. p. 123-132.

Downloads

Publicado

2022-02-07

Como Citar

QUINTELA, Maria Manuel. Ensinar antropologia para não antropólogos: experiências e fronteiras em enfermagem. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 52–67, 2022. DOI: 10.5007/2175-8034.2022.e80664. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/80664. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Ensino da Antropologia em contextos interdisciplinares e interculturais