Música, ruptura, revolução, evolução: a estabilização de juízos estéticos sobre a bossa nova

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8034.2024.e96196

Palavras-chave:

Bossa Nova, Inscrições literárias, Crítica musical, Ruptura, Revolução

Resumo

A década de 1960 viu a querela entre tradição e modernidade reencenada por ocasião de uma prática musical emergente. Prontamente chamada bossa nova, a novidade ensejou um corpo de críticas divergentes quanto a seu mérito, mas unânimes em vinculá-la às ideias de ruptura, revolução e evolução. Tomando as críticas musicais como inscrições literárias, procuro rastrear as operações sobre e entre enunciados por meio das quais, a despeito de contradições e das ambiguidades, foi se estabilizando a noção dessa prática como um fato cultural, objetivamente descrito por marcadores estilísticos e juízos estéticos. A análise indica que longe da definição ostensiva largamente aceita, a noção de bossa nova como fato cultural ligado a ideias de ruptura, revolução e evolução musical é resultado de definições performativas, operadas também pelo corpo de críticas em torno do tema.

Biografia do Autor

Henrique Martins, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando e mestre em Etnografia das Práticas Musicais pela Escola de Música da UFRJ, bacharel em Antropologia pela UFF, licenciado em Música pela UNIRIO.

Referências

BÉHAGUE, Gerard. Bossa & Bossas: Recent Changes in Brazil Urban Popular Music. Ethnomusicology, [s.l.], v. 17, n. 2, p. 209-233, maio de 1973.

BRITO, Brasil Rocha. Bossa Nova. In: CAMPOS, Augusto de (org.). Balanço da Bossa e outras Bossas. São Paulo: Perspectiva, 2012. p. 17-40.

BRITO, Brasil Rocha. Bossa Nova. A Tribuna, São Paulo, 1o caderno, p. 26, 23 de junho de 1963. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/153931_01/32736. Acesso em: 2 maio 2022.

CAMPOS, Augusto de (org.). Balanço da Bossa e outras Bossas. São Paulo: Perspectiva, 2012.

CESAR, Rafael do Nascimento. Arranjos Íntimos: A bossa nova e seus descontentes. Ponto Urbe, São Paulo, v. 2, n. 30, 2022.

GARCIA, Walter (org.). João Gilberto. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

LATOUR, Bruno; FABBRI, Paolo. La rhétorique de la science. Actes de la Recherche en

Sciences Sociales, [s.l.], v. 13, fevereiro de 1977.

LATOUR, Bruno; HERMANT, Èmilie. Redes que a razão desconhece: laboratórios, bibliotecas,

coleções. In: PARENTE, André (org.). Tramas da Rede. Sulina: Porto Alegre, 2004. p. 39-63. LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.

LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede. Salvador, BA; Bauru, SP: Edufba; Edusc, 2012.

MEDAGLIA, Júlio. Balanço da Bossa Nova. In: CAMPOS, Augusto de (org.). Balanço da Bossa e outras Bossas. São Paulo: Perspectiva, 2012. p. 67-123.

NAVES, Santuza Cambraia. Da bossa nova à tropicália: contenção e excesso na música popular. Revista Brasileira de Ciências Sociais, [s.l.], v. 15, n. 43, p. 35-44, junho de 2000.

ORTIZ, Renato. A moderna tradição brasileira. São Paulo: Brasiliense, 2001.

TINHORÃO, José Ramos. Música popular: um tema em debate. Rio de Janeiro: JCM, 1966.

VOLPE, Maria Alice. O legado de Gerard Béhague (1937-2005). Revista Brasileira de Música, [s.l.], v. 23, n. 1, p. 167-174, 2010.

Downloads

Publicado

2024-08-01

Como Citar

MARTINS, Henrique. Música, ruptura, revolução, evolução: a estabilização de juízos estéticos sobre a bossa nova. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 28–44, 2024. DOI: 10.5007/2175-8034.2024.e96196. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/96196. Acesso em: 1 set. 2024.

Edição

Seção

Artigos