Música, ruptura, revolução, evolução: a estabilização de juízos estéticos sobre a bossa nova

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8034.2024.e96196

Palavras-chave:

Bossa Nova, Inscrições literárias, Crítica musical, Ruptura, Revolução

Resumo

A década de 1960 viu a querela entre tradição e modernidade reencenada por ocasião de uma prática musical emergente. Prontamente chamada bossa nova, a novidade ensejou um corpo de críticas divergentes quanto a seu mérito, mas unânimes em vinculá-la às ideias de ruptura, revolução e evolução. Tomando as críticas musicais como inscrições literárias, procuro rastrear as operações sobre e entre enunciados por meio das quais, a despeito de contradições e das ambiguidades, foi se estabilizando a noção dessa prática como um fato cultural, objetivamente descrito por marcadores estilísticos e juízos estéticos. A análise indica que longe da definição ostensiva largamente aceita, a noção de bossa nova como fato cultural ligado a ideias de ruptura, revolução e evolução musical é resultado de definições performativas, operadas também pelo corpo de críticas em torno do tema.

Biografia do Autor

Henrique Martins, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando e mestre em Etnografia das Práticas Musicais pela Escola de Música da UFRJ, bacharel em Antropologia pela UFF, licenciado em Música pela UNIRIO.

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Publicado

2024-08-01

Como Citar

MARTINS, Henrique. Música, ruptura, revolução, evolução: a estabilização de juízos estéticos sobre a bossa nova. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 28–44, 2024. DOI: 10.5007/2175-8034.2024.e96196. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/96196. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos