"Não é natural": descrição sociotécnica e etnográfica da criação de porcos em larga escala na região noroeste do Rio Grande do Sul

Autores

  • Sílvia Maria Poletti Espaço Gestão do Patrimônio Cultural

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8034.2024.e96650

Palavras-chave:

Etnografia, Suinocultura, Agricultores, Porcos

Resumo

Este artigo é resultado de uma etnografia da criação de porcos em larga escala entre agricultores integrados e trabalhadores da granja de uma empresa suinícola na região do Alto Uruguai, no noroeste do Rio Grande do Sul. A partir de uma reconstituição da história das técnicas de criação de porcos, apresento ao leitor aspectos do regime de criação em massa introduzido pelos criatórios suinícolas. Descrevo também as contradições que permeiam esse espaço de criação por meio da relação entre criadores e porcos no ambiente doméstico que desencadeia uma distinção entre os porcos da família e aqueles criados para o mercado alimentício convencional.

Biografia do Autor

Sílvia Maria Poletti, Espaço Gestão do Patrimônio Cultural

Pesquisadora independente, mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina e integrante do CANOA/UFSC (Coletivo de Estudos em Ambientes, Percepções e Práticas). Atualmente trabalha como Cientista Social na Espaço Gestão do Patrimônio Cultural.

Referências

ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: Edusp, 2007.

ACSURS – ASSOCIAÇÃO DE CRIADORES DE SUÍNOS DO RIO GRANDE DO SUL. Informativo da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: ACSURS, 2018. Disponível em: https://acsurs.com.br/imprensa/informativo-impresso/. Acesso em: 4 out. 2023.

BLANCHETTE, Alex. Herding species: Biosecurity, posthuman labor, and the American industrial pig. Cultural Anthropology, [s.l.], v. 30, n. 4, p. 640-669, 2015.

BRANDT, Marlon. Criação de porcos “à solta” na floresta ombrófila mista de Santa Catarina: paisagem e uso comum da terra. Revista de História, São Paulo, v. 34, n. 1, p. 303-322, 2015.

BRANDT, Marlom; MORETTO, Samira Peruchi. Das pequenas produções à agroindústria: suinocultura e transformações na paisagem rural em Chapecó, SC. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 11, n. 26, p. 229-254, 2019.

CARVALHO, Laura. Valsa brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo: Editora Todavia, 2018.

COSER, Fabiano José. Contratos de integração de suínos: formatos, conteúdos e deficiências da estrutura de governança predominante na suinocultura brasileira. 2010. 174p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2010.

DESCOLA, Philippe. Além de natureza e cultura. Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia, [s.l.], v. 3, n. 1, p. 7, 2015.

FÁVERO, Jerônimo Antônio et al. Evolução genética: do “porco tipo banha” ao suíno light. In: SOUZA, Jean Carlos Porto Vilas Boas et al. (org.). Sonho, desafio e tecnologia: 35 anos de contribuições da Embrapa Suínos e Aves. Embrapa: Brasília, 2011. p. 105-136. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/909722/sonho-desafio-e- tecnologia-35-anos-de-contribuicoes-da-embrapa-suinos-e-aves. Acesso em: 28 dez. 2020.

FLORIT, Luciano; GRAVA, Diego; SORDI, Caetano. Da morte artesanal à morte industrial. Apropriações discursivas e naturalização do abate. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 25, n. 49, 2021. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/13995. Acesso em: 4 out. 2023.

FROEHLICH, Graciela. “Do porco não sobre nem o grito!”: classificações e práticas, saberes e sabores no abate doméstico de porcos. 2012. 109p. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Centro de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2012.

GUIMARÃES, Diego et al. Suinocultura: estrutura da cadeia produtiva, panorama do setor no Brasil e no mundo e o apoio do BNDES. BNDES Setorial, Brasília, DF, n. 45, p. 85-136, 2017.

HUI, Yuk. Cosmotécnica como cosmopolítica. In: HUI, Yuk. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu editora, 2020. p. 17-25.

LATOUR, Bruno. Políticas da Natureza: como associar as ciências à democracia. São Paulo: Editora UNESP, 2018.

LEAL, Natasha Simei. Touros de genética, touros de genealogia: Controvérsias da pecuária brasileira. Perifèria – Revista de Recerca, Barcelona, v. 15, n. 2, 2011.

NODARI, Eunice Sueli. Fronteiras Fluídas: florestas, Rio Uruguai e ocupação da região. In: ZARTH, P. (org). História do campesinato na Fronteira Sul. Porto Alegre: Letra & Vida: Chapecó: Universidade Federal da Fronteira Sul, 2012. p. 224-239.

POMPÉIA, Caio. “Agro é tudo”: simulações no aparato de legitimação do agronegócio. Revista

Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 26, n. 56, p. 195-224, 2020.

RADIN, José Carlos; SILVA, Claiton Marcio da. ‘Um vasto celeiro’: representações da natureza no processo de colonização do oeste catarinense (1916-1950). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Humanas, [s.l.], v. 13, p. 681-697, 2018.

RENK, Arlene Anelia. Uns trabalham e outros lutam: um ofício étnico no Oeste Catarinense. Chapecó: Editora Argos, 2006.

SCHNEIDER, Sérgio. Teoria Social, agricultura familiar e pluriatividade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 18, n. 51, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S010269092003000100008. Acesso em: 4 out. 2023.

SCHNEIDER, Sérgio. Agricultura familiar e desenvolvimento rural endógeno: elementos teóricos e um estudo de caso. Desenvolvimento Rural – Tendências e Debates Contemporâneos, Rio Grande do Sul, v. 200, 2006.

SEYFERTH, Giralda. Campesinato e o Estado no Brasil. Revista MANA, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 395-417, 2011.

SORDI, Caetano. De carcaças e máquinas de quatro estômagos: estudo das controvérsias sobre o consumo e a produção de carne no Brasil. 2013. 151p. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

STEFANUTO, Míriam. Trabalho calado: Os kainkang do Toldo Chimbaungue e as indústrias da carne. 2017. 126p. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017.

TERHORST, Karin Inês Lohmann; SCHMITZ, José Antônio Kroeff. De porco a suíno: história da suinocultura e dos hábitos alimentares associados aos produtos dela derivados entre agricultores familiares do Vale do Taquari. In: TERHORST, Karin Inês Lohmann; SCHMITZ, José Antônio Kroeff. A Agricultura Familiar à mesa: sabores e práticas da alimentação no Vale do Taquari. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2007. p. 100-119.

TSING, Anna Lowenhaupt. Some problems with Scale. In: TSING, Anna Lowenhaupt. The mushroom at the end of the world: on the possibility of life in Capitalistic ruins. Princeton: Princeton University, 2015. p. 37-44.

TSING, Anna Lowenhaupt. Viver nas ruínas: paisagens multiespécie no Antropoceno. Rio de Janeiro: IEB, Mil Folhas, 2019.

WALACE, Rob. Pandemia e agronegócio: doenças infecciosas, capitalismo e ciência. São Paulo: Editora Elefante, 2020.

Downloads

Publicado

2024-08-01

Como Citar

POLETTI, Sílvia Maria. "Não é natural": descrição sociotécnica e etnográfica da criação de porcos em larga escala na região noroeste do Rio Grande do Sul. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 45–66, 2024. DOI: 10.5007/2175-8034.2024.e96650. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/96650. Acesso em: 1 set. 2024.

Edição

Seção

Artigos