Posografia: experimentando uma pesquisa a conta-gotas

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8034.2023.e85642

Palabras clave:

Medicalização, Antidepressivos, Ansiolíticos, Materialismo relacional, Posografia

Resumen

Neste artigo, objetivou-se apresentar a posografia, uma experimentac?a?o metodolo?gica em uma pesquisa voltada a?s pra?ticas de uso de antidepressivos e ansioli?ticos, que implica um acesso gradual a partes das pra?ticas que compo?em o manejo das aflic?o?es. Trata-se de um artigo que pretende, especialmente, discorrer sobre a fundamentac?a?o teo?rica que embasou a construc?a?o de tal proposta metodolo?gica. O estudo sustenta-se em uma composic?a?o entre uma perspectiva po?s-estruturalista de psicologia social e os estudos de cie?ncia, tecnologia e sociedade (ECTS). Diante de um campo que remete a dimenso?es comumente compreendidas como subjetivas (emoc?o?es, sensac?o?es, pensamentos), o me?todo posogra?fico auxiliou a tensionar o que pode ser considerado materialidade e o modo como investiga?-la. Ainda, essa estrate?gia contribuiu para a compreensa?o de que quanto mais elementos sa?o postos em cena, multiplicam- se verso?es de diagno?sticos, das denominadas aflic?o?es, possibilitando que estrate?gias de cuidado em sau?de mental fossem ampliadas.

Biografía del autor/a

Fernanda dos Santos de Macedo, UFRGS (no período do doutorado)

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestra e Doutora em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esteve vinculada à UFRGS no período de doutorado, isto é, de realização do presente estudo. Atualmente é psicóloga no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II da Prefeitura Municipal de Guaíba, RS.

Paula Sandrine Machado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Psicologia, mestrado e doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora Associada, Departamento de Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia da URFGS. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRGS. Coordenadora adjunta do Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero (NUPSEX/UFRGS).

Citas

ABRAHAMSSON, Sebastian et al. Living withomega-3: new material is mandenduring concerns. Environment and Planning D: Society and Space, UK, v. 33, p. 4-19, 2015.

BARAD, Karen. Performatividade Pós-humanista: para entender como a matéria chega à matéria. Revista Vazantes, [s.l.], v. 1, n. 1, p. 7-34, 2017. Disponível em: http://www. periodicos.ufc.br/vazantes/article/view/20451. Acesso em: 30 jan. 2022.

BERGER JR., Harry. Fictions of the pose: Rembrandt against the Italian Renaissance. Stanford: Stanford University Press, 2000.

BERGSON, Henri. O pensamento e o movente. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

CARVALHO, Sérgio Resende et al. Medicalização: uma crítica (im)pertinente? Introdução. Physis, Rio de Janeiro, v. 25, n. 4, p. 1.251-1.269, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312015000401251&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 13 ago. 2022.

CHAZAN, Lilian Krakowski; FARO, Livi F.T. “Exame bento” ou “foto do bebê”? Biomedicalização e estratificação nos usos do ultrassom obstétrico no Rio de Janeiro. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, p. 57-77, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702016000100057&script=sci_ abstract&tlng=pt. Acesso em: 18 jan. 2021.

CLARKE, Adele E.et al. Biomedicalization: Techno scientific Transformations of Health, Illness, and U.S. Biomedicine. American Sociological Review, [s.l.], v. 68, n. 2, p. 161-194, 2003. DOI: https://doi.org/10.2307/1519765.

CONRAD, Peter. The medicalization of society: on the transformation of human conditions into treatable disorders. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2007.

DELEUZE, Gilles. A Intuição como Método (as cinco regras do método). In: DELEUZE, Gilles. Bergsonismo. São Paulo: Editora 34, 1999. p. 7-26.

FOUCAULT, Michel. O que é a crítica? [Crítica e Aufklärung]. Bulletin de la Société Française de Philosophie, [s.l.], v. 82, n. 2, p. 35-63, avr.-juin. 1990. (Conferência proferida em 27 de maio de 1978). Disponível em: http://michel-foucault.weebly.com/ uploads/1/3/2/1/13213792/critica.pdf. Acesso em: 30 jan. 2022.

FOUCAULT, Michel. Crise da medicina ou crise da antimedicina. Verve, São Paulo, v. 18, p.167-194, 2010.

GUAZZELLI BERNARDES, Anita. Trabalhar conceitos como um exercício de transgressão: acontecimento e acontecimentalizar. Revista Polis e Psique, Porto Alegre, RS, v. 4, n. 2, p. 143-154, 2014. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/PolisePsique/article/view/51095. Acesso em: 30 jan. 2022.

HARAWAY, Donna. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cardernos Pagu, Campinas, v. 5, p. 741, 1995.

JASANOFF, Sheila. The idiom of co-production. In: JASANOFF, Sheila (ed.). States of knowledge: the co-production of science and social order. London: Routledge, 2004. p.1-12.

KIRBY, Vicki. Natural convers(at)ions: or, what if culture was really nature all along? In: ALAIMO, Stacy; HEKMAN Susan (ed.).Material feminisms. Indiana: University Press, 2008.p. 214-236.

LATOUR, Bruno. Da dificuldade de ser um ANT: interlúdio na forma de diálogo. In: LATOUR, Bruno. Reagregando o Social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede. Salvador/Bauru: Edufba/Edusc, 2012. p. 205-226.

LAW, John. On Sociology and STS. The Sociological Review, [s.l.], v. 56, n. 4, p. 623-649, 2008.

LAW, John; MOL, Annemarie. Notes on Materiality and Sociality. The Sociological Review, [s.l.], v. 43, n. 2, p. 274-294, 1995.

M’CHAREK, Amade. Race, time and folded objects: the HeLa error. Theory, Culture & Society, London, v. 31, n. 6, p. 29-56, 2014.

MOL, Annemarie. The body multiple: ontology in medical practice. Duke: University Press, 2002.

MOL, Annemarie. Política ontológica: algumas idéias e várias perguntas. In: NUNES, João Arriscado; ROQUE, Ricardo (org.). Objectos impuros: experiências em estudos sociais da ciência. Porto: Edições Afrontamento, 2008. p. 63-77.

PIGNARRE, Philippe. O que é o medicamento? Um objeto estranho entre ciência, mercado e sociedade. São Paulo: Ed. 34, 1999.

ROHTE, Simone Ferst. Avaliação do consumo de medicamentos sujeitos a controle especial no município de São Pedro do Butiá-RS. 2019. 50f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2019.

SILVA, Rosana Maria Nascimento Castro. Precariedades oportunas, terapias insulares: economias políticas da doença e da saúde na experimentação farmacêutica. 2018. 506p.Tese (Doutorado em Antropologia Social) –Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2018.

URIARTE, Urpi Montoya. O que é fazer etnografia para os antropólogos. Ponto Urbe, [on-line], v. 11, p. 1-13, 2012. Disponível em: https://journals.openedition.org/pontourbe/300. Acesso em: 30 ago. 2020.

WILSON, Elizabeth. Organic empathy: feminism, psychopharmaceuticals, and the embodiment of depression. In: ALAIMO, Stacy; HEKMAN, Susan (org.). Material Feminisms. Indiana: University Press, 2008. p. 373-400.

ZORZANELLI, Rafaela Teixeira et al. Consumo do benzodiazepínico clonazepam (Rivotril®) no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, 2009-2013: estudo ecológico. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 24, n. 8, p. 3.129-3.140, 2019.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000803129&lng=en&nrm=isso. Acesso em: 25 abr. 2020.

Publicado

2023-01-19

Cómo citar

MACEDO, Fernanda dos Santos de; MACHADO, Paula Sandrine. Posografia: experimentando uma pesquisa a conta-gotas. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 25, n. 1, p. 218–236, 2023. DOI: 10.5007/2175-8034.2023.e85642. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/85642. Acesso em: 3 jul. 2024.

Número

Sección

Antropologias a partir dos medicamentos: co-produções, políticas e agenciamentos