O fake é fast? Velocidade, desinformação, qualidade do jornalismo e media literacy

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-6924.2020v17n1p86

Resumo

Este artigo pretende evidenciar as relações existentes entre os contextos atuais de hiperinformação, desinformação e infoxicação e o processo de aceleração social do tempo. Buscando compreender as dinâmicas envolvidas no fenômeno das notícias falsas, indica-se uma aproximação entre o fake e o fast no ato comunicativo. A ultravelocidade é vista como vetor privilegiado de produção de uma quantidade de informação superior a que as audiências poderiam processar, gerando espaço para um ecossistema informativo de baixa qualidade marcado pelo consumo irrefletido de notícias. O jornalismo contemporâneo, assim, tende a se afastar do papel social de referência confiável para a tomada de decisões necessárias à vida dos cidadãos e seus semelhantes. Como força de tensão a este movimento, apresentam-se as noções balizantes do jornalismo lento, pautado pela busca da qualidade e da contextualização. Acrescentam-se às práticas comunicacionais da cultura slow os procedimentos de media literacy, possibilitando trabalhar a reflexão e a crítica da informação também no polo da recepção.

Biografia do Autor

Michelle Prazeres, Faculdade Cásper Líbero.

Jornalista, Mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e Doutora em Educação (FE-USP). Professora dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. E-mail: michelleprazeres@gmail.com.

Rodrigo Ratier, Faculdade Cásper Líbero

Professor do curso de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero (SP). Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (FE-USP), com participação no Programa Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior, fomentado pela CAPES, na Université Lumière Lyon 2. E-mail: rratier@gmail.com.

Referências

ALLCOTT, Hunt; GENTZKOW, Matthew. Social Media and Fake News in the 2016 Election. Journal of Economic Perspectives, v. 31, n. 2, p. 211–236, 2017. Disponível em: https://web.stanford.edu/~gentzkow/research/fakenews.pdf.

BARRANQUERO-CARRETERO, Alejandro. Slow media. Comunicación, cambio social y sostenibilidad en la era del torrente mediático. Palabra Clave, ISSN-e 0122-8285, Vol. 16, Nº. 2, 2013. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5241897. Acesso em: 11 dez. 2018.

BARRANQUERO-CARRETERO, Alejandro, ROSIQUE-CEDILLO, Gloria. Comunicación y periodismo slow en España. Génesis y balance de las primeras experiencias. Primer Congreso Internacional Infoxicación: mercado de la información y psique : Libro de Actas / coord. por Rosalba Mancinas-Chávez, Antonia Isabel Nogales Bocio. 32-47. 2014. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5300634 Acesso em: 14/12/2018

BENAISSA, Samia. El Slow Journalism en la era de la “infoxicación”. Doxa Comunicación: revista interdisciplinar de estudios de comunicación y ciencias sociales, 25, 129-148. 2017. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6197715 Acesso em: 14/12/2018

BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

DEHOLLAIN, Andrea Lucia Navarrete. The multimedia storytelling in Slow Journalism: conceptualization and narrative description. Universidad de Valladolid. 2018. Disponível em: http://uvadoc.uva.es/bitstream/10324/33041/1/TFG_F_2018_116.pdf Acesso em 14/12/2018

GIDDENS, Anthony. As consequencias da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.

KöHLER, Benedikt; DAVID, Sabria; e BLUMTRITT, Jörg. The Slow Media Manifesto. 2010. Disponível em: https://www.slow-media.net/manifest Acesso em 06/10/2018.

KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os elementos do jornalismo: o que os profissionais do jornalismo devem saber eo público deve exigir. São Paulo: Geração Editorial, 2004.

LE MANSURIER, Megan. What is Slow Journalism. Taylor & Francis Online. 2014.

MARTINEZ DE TODA, Jose. Avaliação de Metodologias na Educação para os Meios Comunicação & Educação. São Paulo: ECA-USP/Segmento: 61-76 p. 2001.

MARTINEZ DE TODA, Jose. Le Sei Dimensioni della Media Education (Metodologia di Valutazione). Roma: Pontifícia Universitá Gregoriana, 2002.

NEVEU, Èrik. Sociologia do Jornalismo. São Paulo: Loyola, 2006.

PINHEIRO, Marta Macedo Kerr; BRITO, Vladirmir de Paula. Em busca do significado da desinformação. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação Rio de Janeiro. 15 2014.

PRAZERES, Michelle. A moderna socialização escolar: um estudo sobre a construção da crença nas tecnologias digitais e seus efeitos para o campo da educação. 2013. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. doi:10.11606/T.48.2013.tde-10102013-113416. Acesso em: 2019-02-19.

RIBEIRO, M. M.; ORTELLADO, P. O que são e como lidar com as notícias falsas: dos sites de notícias falsas às mídias hiper-partidárias. Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos. São Paulo: Conectas. 15: 71-83 p. 2018.

ROMERO-RODRIGUEZ, Luiz.; DE-CASAS, Patricia; PEDREIRA, Mari Carmen. Desinformación e Infoxicación en las cuartas pantallas. In: (Ed.). Competencias mediáticas en medios digitales emergentes. Salamanca: Comunicación Social Ediciones y Publicaciones, 2018. p.73-92.

ROSA, Hartmut. Alienation and Acceleration: Towards a Critical Theory of Late­ Modern. Malmö / Arhus: NSU Press, 2010.

TANDOC JR, Edson; LIM, Zheng; LING, Richard. Defining “fake news” A typology of scholarly definitions. Digital Journalism, v. 6, n. 2, p. 137-153, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1080/21670811.2017.1360143. Acesso em: 03 abr. 2019.

TRIVINHO, Eugenio. A dromocracia cibercultural: lógica da vida humana na civilização mediática contemporânea. São Paulo: Paulus, 2007.

VIRILIO, Paul. Velocidade e política. São Paulo: Estação Liberdade, 1996.

WARDLE, C. Fake news. It's complicated. First Draft, 2017. Disponível em: https://medium.com/1st-draft/fake-news-its-complicated-d0f773766c79. Acesso em: 04 abr. 2019.

WOLTON, Dominique. Informar não é comunicar. Porto Alegre: Sulinas, 2011.

Downloads

Publicado

2020-06-18