O desperdício do jornalismo opinativo na cobertura da posse de Jair Bolsonaro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-6924.2022.e83386

Palavras-chave:

Jornalismo opinativo, Posse de Jair Bolsonaro

Resumo

Passados mais de três anos da posse do presidente Jair Bolsonaro, a leitura crítica dos editoriais, colunas e artigos das edições da Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo nos dias 1º. e 2 de janeiro de 2019, realizada neste estudo, revela a opinião política publicada no momento da entrada do novo governo. Os espaços específicos para a opinião na imprensa devem contextualizar, explicar fatos, ponderar sobre o futuro, argumentar sobre riscos e possibilidades, uma vez que conta com bastante mais liberdade do que a permitida pela cobertura do jornalismo informativo. Para isso, o jornalismo opinativo deve acionar diferentes perspectivas que aprofundem o entendimento dos acontecimentos. Não foi o que se viu no material analisado. Predominou uma visão única, calcada nos supostos benefícios econômicos das reformas estruturantes, sem dar atenção aos muitos e prováveis retrocessos nas políticas públicas para a educação, no campo do racismo, do ambientalismo, dos direitos sociais, da cultura e, o mais grave, sem tratar das escancaradas ameaças antidemocráticas.

Biografia do Autor

Gislene Silva, UFSC

Professora Titular aposentada pelo Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Jessica Gustafson Costa, UFSC

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJOR) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Rafael Rangel Winch, UFSC

Doutor em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Valentina Nunes, UFSC

Professora do Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Publicado

2022-06-29