Forças produtivas e compleições corporais: do trabalho braçal ao trabalho confinado
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p667Resumo
O presente artigo tem por objetivo desenvolver uma reflexão sobre o corpo do trabalhador, o trabalho do corpo e a imagética do corpo no entremeio das perspectivas da teoria materialista do discurso, do materialismo histórico, da genealogia foucaultiana, da historiografia brasileira e da sociologia do trabalho contemporâneo. Sem buscar ser exaustivo e sem visar uma complementaridade entre essas perspectivas, o artigo propõe a tese de um corpo histórico, cuja compleição, imagética, ideal e sofrimentos (dos corpos de trabalhadores e não trabalhadores) são sobredeterminados pela morfologia do trabalho de dada formação social. Como ilustração do atual trabalhador imóvel e confinado, abordam-se as condições contemporâneas do trabalho do operador de telemarketing. Por fim, tecem-se algumas considerações sobre imobilização e condicionamento dos corpos e o confinamento do trabalhador urbano durante o expediente laboral. Da exposição de novos modos de sofrimento no trabalho engendra-se uma crítica materialista da crítica hegemônica à corpolatria contemporânea.
Referências
ANTUNES, Ricardo. Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil. Estudos Avançados. São Paulo, v. 28, n. 81, p. 39-53, Ago. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142014000200004. Acesso em: 07 Fev. 2020.
BALDINI, Lauro José Siqueira; DI NIZO, Patrícia Leal. O Cinismo como prática ideológica. Estudos da Lingua(gem). Vitória da Conquista. V.12, n.2, p.131-158, Dez. 2015.
BAITELLO JUNIOR, Norval. O pensamento sentado: sobre glúteos, cadeiras e imagens. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2012.
BERCITO, Sonia de Deus Rodrigues. Corpos-máquinas: trabalhadores na produção industrial em São Paulo (décadas de 1930 e1940). In: DEL PRIORI; Mary; AMANTINO, Marcia (Orgs.). História do corpo no Brasil. São Paulo: UNESP, 2011. p. 371-404.
BRÖM, Jean-Marie. “Depois de mim, o dilúvio!” Imagens da morte e da negação do corpo em Marx. In: NÓVOA, Jorge (org.). Incontornável Marx. Salvador / São Paulo: EDUFBA / EDUNESP, 2007. p. 339-367.
CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo. Tradução de Ari Roitman e Paulina Watch. 2 ed. Rio de Janeiro: Bestbolso, 2012.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. [1967] Comentários sobre a sociedade do espetáculo. Tradução de Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. [1979] Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2007a.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. História da Violência nas Prisões. [1975] 33. ed. Tradução de Raquel Ramalhete Petrópolis: Vozes, 2007b.
HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampliada. Petrópolis: Vozes, 2017.
MARX, Karl. Maquinaria e trabalho vivo (os efeitos da mecanização sobre o trabalhador). Crítica Marxista, São Paulo, Brasiliense, v.1, n.1, 1994, p.103-110.
ORLANDI, Eni P. Cidade dos sentidos. Campinas, SP: Pontes, 2004.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: Uma Crítica à Afirmação do Óbvio. Tradução de Eni Pulcinelli Orlandi, Lourenço Chacon Jurado Filho, Manoel Luiz Gonçalves Corrêa e Silvana Mabel Serrani. 3. ed. Campinas. Ed. Unicamp, 1997.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os Direitos Autorais para artigos publicados neste periódico são do autor, com direitos de primeira publicação para a Revista. Em virtude de aparecerem nesta Revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais, de exercício profissional e para gestão pública. A Revista adotou a Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Esta licença permite copiar, distribuir e reproduzir em qualquer meio, bem como adaptar, transformar e criar a partir deste material, desde que para fins não comerciais e que seja fornecido o devido crédito aos autores e a fonte, inserido um link para a Licença Creative Commons e indicado se mudanças foram feitas. Nesses casos, nenhuma permissão é necessária por parte dos autores ou dos editores. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou um capítulo de livro).