Forças produtivas e compleições corporais: do trabalho braçal ao trabalho confinado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p667

Resumo

O presente artigo tem por objetivo desenvolver uma reflexão sobre o corpo do trabalhador, o trabalho do corpo e a imagética do corpo no entremeio das perspectivas da teoria materialista do discurso, do materialismo histórico, da genealogia foucaultiana, da historiografia brasileira e da sociologia do trabalho contemporâneo. Sem buscar ser exaustivo e sem visar uma complementaridade entre essas perspectivas, o artigo propõe a tese de um corpo histórico, cuja compleição, imagética, ideal e sofrimentos (dos corpos de trabalhadores e não trabalhadores) são sobredeterminados pela morfologia do trabalho de dada formação social. Como ilustração do atual trabalhador imóvel e confinado, abordam-se as condições contemporâneas do trabalho do operador de telemarketing. Por fim, tecem-se algumas considerações sobre imobilização e condicionamento dos corpos e o confinamento do trabalhador urbano durante o expediente laboral. Da exposição de novos modos de sofrimento no trabalho engendra-se uma crítica materialista da crítica hegemônica à corpolatria contemporânea.

Biografia do Autor

Maurício Beck, PPGL-UESC

Doutor em Letras: estudos linguísticos – PPGL- UFSM, 2010, graduado em psicologia. Pesquisador em Análise de Discurso, atualmente é professor visitante pelo PPGL-UESC, Ilhéus-BA.

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Publicado

2020-10-05