Celso Furtado, crítico da “colonialidade”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2024.e95244

Palavras-chave:

Subdesenvolvimento, Dependência, Colonialidade

Resumo

Questionando algumas narrativas sobre o pioneirismo e as inovações conceituais do grupo Modernidade/
Colonialidade, o objetivo deste artigo é discutir algumas formulações teóricas de Celso Furtado que se aproximam do que se entende atualmente nas ciências sociais latino-americanas como uma análise da “colonialidade” e que são anteriores ao trabalho do grupo. Discutindo a teoria da dependência desenvolvida pelo autor nos anos de 1970, examinamos os seus elementos de crítica ao eurocentrismo, à racionalidade instrumental, à ideologia moderna do progresso e às formas de vida associadas à civilização industrial.

Biografia do Autor

Henrique Viana, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Ouro Preto (IFAC/UFOP);
Doutorando em Economia no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade
Federal de Minas Gerais (CEDEPLAR/UFMG); Bolsista do CNPq.

Isadora Pelegrini, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestra em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGE/UFRGS);
Doutoranda em Economia no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (CEDEPLAR/UFMG);
Pesquisadora visitante no Dipartimento di Scienze Politiche e Sociali da Università di Bologna (SPS/UNIBO); Bolsista da CAPES.

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Publicado

2024-07-24