O Estado penal, o sistema prisional e a crise do humanismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e75254

Resumo

O presente trabalho busca apresentar a relação entre a constituição do Estado Penal brasileiro, o sistema prisional e a crise do humanismo. O objetivo é aferir a relação entre as categorias supramencionadas no tocante à construção e execução do arcabouço institucional que permeia a política prisional brasileira na contemporaneidade. Nesse sentido, busca-se lançar luzes ao sistema prisional e à naturalização das violações de direitos humanos nesse contexto aferidas, como produto da sociedade instituída a partir da crise do humanismo na contemporaneidade. O estudo em questão foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e documental, tendo nas teorias de Lukács a inspiração para as reflexões aqui apresentadas. Dessa forma, compreende-se que a crise do humanismo, que potencializa o Estado Penal na contemporaneidade, permeou a formação social brasileira e, portanto, demonstra ser característica marcante de nossa sociabilidade, mostrando-se evidente na política prisional atualmente idealizada, planejada e executada no Brasil.

Biografia do Autor

Cibelle Doria da Cunha Bueno, Universidade Estadual do Ceará - UECE

Militante de Direitos humanos, sobretudo em ações de contestação do Estado penal vigente, da prisão e da Justiça brasileira. Participou do Movimento Nacional de Direitos Humanos e do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade, em Minas Gerais. É Mestre em Serviço social pela Univeridade Estadual do Ceará - UECE. Estuda Justiça, prisão, criminologia midiática, encarceramento em massa no Brasil e a institucionalização das violações de direitos humanos no contexto prisional.

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Publicado

2021-04-09