Autoritarismo e guerra às drogas: violência do racismo estrutural e religioso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e75331

Resumo

Este artigo toma as políticas de drogas como mirante de análise sobre a racionalidade governamental que incrementa respostas autoritárias à crise do capital. Esta resposta em período de neoliberalismo e de neoconservadorismo é seletiva e requisita apreender dois componentes do racismo estrutural ? o racismo institucional e o religioso que se atualizam na política de drogas. A destituição da Presidenta Dilma Rousseff indicou uma crise geral de autoridade que fortaleceu a ascensão neopentecostal na organização das massas populares no Brasil a favor de um projeto necroeconômico e necropolítico abertamente antidemocrático. Com autores críticos, recupera-se a disputa materializada com o uso da força punitiva do Estado e com a atuação fundamentalista de segmentos neopentecostais. Apontamos que no interior do Estado neoliberal de cunho penal, o conservadorismo, racismo e ódio de classe recrudescem mecanismos de controle justificado pela guerra às drogas, incidindo sobre os corpos e qualquer vestígio de vida de negros e pobres.

Biografia do Autor

Andréa Pires Rocha, Universidade Estadual de Londrina

Docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina

Rita de Cássia Cavaldante Lima, UFRJ

Docente da Escola de SErviço Social UFRJ

Daniela Ferrugem, PUC-RS

Assistente Social da UFRGS.

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Publicado

2021-04-09