Uma interpretação marxista sobre a infância e os abrigos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e75343

Resumo

O objetivo desse artigo é o de contribuir com a produção do conhecimento na área da infância e da adolescência, a partir da produção marxiana e autores da tradição marxista. Observa-se a pouca incidência do marxismo nos estudos sobre a situação de vida crianças e adolescentes. Para além de abordagens individuais, considera-se o processo de institucionalização em abrigos uma resposta às expressões da questão social e não o descompasso das famílias da classe trabalhadora em suas funções protetivas. Essas instituições cumprem uma função na reprodução social, por meio da proteção e da coerção, assim como a preparação da mão de obra para uma inserção precarizada no mercado de trabalho, reproduzindo o ciclo de dependência institucional e a exploração.

Biografia do Autor

Rodrigo Silva Lima, Universidade Federal Fluminense

Assistente Social, graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre e Doutor pelo Programa de Pós Graduação em Serviço Social da UERJ. Professor Adjunto da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense e do Programa de Pós Graduação em Serviço Social e Desenvolvimento Regional

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Publicado

2021-04-09