Entre a vida e a morte: estado, racismo e a “pandemia do extermínio” no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p635

Resumo

Escrito em tempos de pandemia sanitária, este artigo aborda uma outra grave “pandemia” em curso no Brasil, que tem provocado o extermínio sistemático, principalmente, dos negros/pobres/jovens, cujas vidas são consideradas descartáveis. Mostra como o Estado se utiliza do racismo estrutural para controlar a vida e a morte dos corpos negros. Enfatiza que a lógica da criminalização e do extermínio é essencialmente política: para manter a ordem social vigente, é preciso controlar a rebeldia popular.

Biografia do Autor

Simone Sobral Sampaio, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFSC. Doutora em Serviço Social pela UFRJ.

Gustavo Meneghetti, Tribunal de Justiça de Santa Catarina

Assistente Social do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Doutor em Serviço Social pela UFSC.

Referências

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte/MG: Letramento, 2018.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Pelas mãos da criminologia: o controle penal para além da (des)ilusão. Rio de Janeiro: Revan; ICC, 2012.

BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan; ICC, 2011.

BATISTA, Nilo. Matrizes ibéricas do sistema penal brasileiro – I. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan; ICC, 2002.

BATISTA, Vera Malaguti. O medo na cidade do Rio de Janeiro: dois tempos de uma história. Rio de Janeiro: Revan, 2003.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento nacional de informações penitenciárias, atualização junho de 2017. Brasília: 2019. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen/relatorios-sinteticos/infopen-jun-2017-rev-12072019-0721.pdf. Acesso em: 24 maio 2020.

CASTRO, Lola Aniyar de. Criminologia da libertação. Rio de Janeiro: Revan; ICC, 2005.

COELHO, Leonardo. Polícia sumiu com João Pedro após atirar nele. Foi achado morto. Ponte Jornalismo, São Paulo, 19 maio 2020. Disponível em: https://ponte.org/policia-sumiu-com-joao-pedro-apos-atirar-nele-foi-achado-morto/. Acesso em: 21 maio 2020.

D’ELIA FILHO, Orlando Zaccone. Acionistas do nada: quem são os traficantes de drogas. Rio de Janeiro: Revan, 2007.

D’ELIA FILHO, Orlando Zaccone. Indignos de vida: a forma jurídica da política de extermínio de inimigos na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revan, 2015.

FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes: o legado da “raça branca”. 5. ed. São Paulo: Globo, 2008.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSP). Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019. São Paulo: FBSP, 2019. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/10/Anuario-2019-FINAL_21.10.19.pdf. Acesso em: 26 maio 2020.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade. A vontade de saber. 2. ed. Rio de Janeiro: edições Graal, 1979.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 41. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2013.

IANNI, Octávio. Escravidão e racismo. São Paulo: Hucitec, 1978.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA); FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSP). Atlas da Violência 2019. Brasília: Rio de Janeiro: São Paulo: IPEA; FBSP, 2019.

Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/06/Atlas-da-Violencia-2019_05jun_vers%C3%A3o-coletiva.pdf. Acesso em: 26 maio 2020.

MARX, Karl. Os despossuídos: debates sobre a lei referente ao furto de madeira. São Paulo: Boitempo, 2017.

MENDONÇA, Jeniffer. O massacre que interrompeu a quarentena no Complexo do Alemão. Ponte Jornalismo, São Paulo, 17 maio 2020. Disponível em: https://ponte.org/o-massacre-que-interrompeu-a-quarentena-no-complexo-do-alemao/. Acesso em: 21 maio 2020.

MENEGHETTI, Gustavo. Na mira do sistema penal: o processo de criminalização de adolescentes pobres, negros e moradores da periferia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.

MOURA, Clóvis. Dialética Radical do Brasil Negro. São Paulo: Anita, 1994.

MOURA, Clóvis Estratégia do imobilismo social contra o negro no mercado de trabalho. Revista São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 44-46, abr./jun. 1988a. Disponível em: http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/v02n02/v02n02_08.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.

MOURA, Clóvis História do Negro Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Ática, 1992.

MOURA, Clóvis Sociologia do Negro Brasileiro. São Paulo: Ática, 1988b.

MOURA, Clóvis Sociologia do Negro Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2019.

NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

WILLIAMS, Eric. Capitalismo e Escravidão. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. 5. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001.

Downloads

Publicado

2020-10-05