Por que o trabalho na cana tem moído gente e espalhado bagaços?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p674

Resumo

O objetivo deste artigo é refletir sobre o processo de trabalho no corte da cana e o adoecimento e mortes de trabalhadores. A perspectiva teórica do trabalho é marxista e utiliza como instrumento metodológico de coleta de dados o estudo bibliográfico. Os resultados da investigação evidenciam que a compreensão do processo de trabalho no corte da cana é imprescindível na elucidação do adoecimento e mortes de trabalhadores. Ademais, na flexibilização canavieira, tanto se generalizam a redução dos postos de trabalho como o aumento da intensidade do trabalho; por uma variedade de estratégicas que se intensificam, como o pagamento por produção. O artigo conclui que o corpo do trabalhador, seja por adoecimento, mortes ou traumas físico-psíquicos, materializa a superexploração da força de trabalho no corte da cana, o que revela, por sua vez, o caráter destruidor que a acumulação do capital da agroindústria canavieira possui sobre seus trabalhadores.

Biografia do Autor

Sabrina Ângela França da Silva Cruz, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

Professora Adjunta da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)/Campus Arapiraca – Pólo Arapiraca. Pesquisadora Colaboradora do Laboratório de Observação Permanente sobre o Mundo Rural (LaeRural) do Núcleo Avançado de Políticas Públicas (NAPP/UFRN) e do Grupo de Pesquisa Sociedade, Natureza e Desenvolvimento no Agreste Alagoano (UFAL/ARAPIRACA). Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).  Graduada em Ciências Sociais pela UFRN.

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Publicado

2020-10-05