Memórias que constituem a subjetividade feminina negra em Olhos d’água, de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2025.e101139Palavras-chave:
memória, Conceição Evaristo, ancestralidade, mulheresResumo
O presente trabalho visa analisar o papel da memória na construção narrativa de mulheres negras, na literatura brasileira contemporânea, que têm suas trajetórias marcadas por reminiscências do passado. Nessa perspectiva, parte-se da reflexão de três contos, sendo esses “Olhos d’água”, “Duzu-Querença”, “Ayoluwa, a alegria de nosso povo”, presentes na obra Olhos d’água (2016), de Conceição Evaristo. Entende-se, a partir da análise das mulheres presentes nessas narrativas, que há uma construção de personagens femininas que leva em consideração a sua herança ancestral, trazendo luz à importante discussão acerca da constituição de sujeitos marginalizados marcados por uma vida permeada pela dor, violência e pobreza. Evaristo mostra as marcas e consequências deixadas de múltiplas formas em suas complexas histórias. Esse estudo evidencia que essas narrativas refletem sujeitos que se manifestam a partir de suas raízes históricas, de um passado de exclusões sofridas, que se estendem ao presente e pavimentam o caminho para o futuro. Para tanto, tais reflexões serão realizadas tendo como base apontamentos de importantes teóricos, como Michael Pollak (1989), Maurice Halbwachs (1990) e Paul Ricoeur (2007), que discutem acerca da memória como forma de construção de identidades individuais e coletivas.
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