Memórias que constituem a subjetividade feminina negra em Olhos d’água, de Conceição Evaristo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2025.e101139

Palavras-chave:

memória, Conceição Evaristo, ancestralidade, mulheres

Resumo

O presente trabalho visa analisar o papel da memória na construção narrativa de mulheres negras, na literatura brasileira contemporânea, que têm suas trajetórias marcadas por reminiscências do passado. Nessa perspectiva, parte-se da reflexão de três contos, sendo esses “Olhos d’água”, “Duzu-Querença”, “Ayoluwa, a alegria de nosso povo”, presentes na obra Olhos d’água (2016), de Conceição Evaristo. Entende-se, a partir da análise das mulheres presentes nessas narrativas, que há uma construção de personagens femininas que leva em consideração a sua herança ancestral, trazendo luz à importante discussão acerca da constituição de sujeitos marginalizados marcados por uma vida permeada pela dor, violência e pobreza. Evaristo mostra as marcas e consequências deixadas de múltiplas formas em suas complexas histórias. Esse estudo evidencia que essas narrativas refletem sujeitos que se manifestam a partir de suas raízes históricas, de um passado de exclusões sofridas, que se estendem ao presente e pavimentam o caminho para o futuro. Para tanto, tais reflexões serão realizadas tendo como base apontamentos de importantes teóricos, como Michael Pollak (1989), Maurice Halbwachs (1990) e Paul Ricoeur (2007), que discutem acerca da memória como forma de construção de identidades individuais e coletivas.

Biografia do Autor

Lilian Greice dos Santos Ortiz da Silveira, Instituto Federal Sul-rio-grandense

Doutora em História da Literatura pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Possui mestrado em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e graduação no curso de Licenciatura em Letras - habilitação em Português-Inglês e respectivas literaturas (2014) pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Atualmente é professora do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul), campus Avançado Jaguarão.

Ariane Avila Neto de Farias, Instituto Federal Farroupilha

Doutora em Letras, com ênfase em História da Literatura, pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Possui graduação em Letras, com habilitação em português, inglês e suas respectivas literaturas, pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e mestrado em Letras, com ênfase em Literatura Comparada, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Atualmente, é professora de português e inglês no Instituto Federal Farroupilha, campus Frederico Westphalen.

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Publicado

03.04.2025

Como Citar

SILVEIRA, Lilian Greice dos Santos Ortiz da; FARIAS, Ariane Avila Neto de. Memórias que constituem a subjetividade feminina negra em Olhos d’água, de Conceição Evaristo. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 30, p. 01–15, 2025. DOI: 10.5007/2175-7917.2025.e101139. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/101139. Acesso em: 18 maio. 2025.

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