Índios, caboclos e guardiães da fronteira: a degradação do outro a partir da chegada do europeu na Amazônia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2023.e93393Palavras-chave:
Outro, Índio, Relato de viagem, LiteraturaResumo
Esse artigo tem por objetivo analisar, a partir da ideia de invenção da Amazônia, os termos utilizados por portugueses e espanhóis para designar o Outro, o nativo, o caboclo, o índio, durante o processo de colonização da Amazônia, e como essas designações são apresentadas nos relatos de viagem e posteriormente na literatura da/na Amazônia. Para tanto, utilizaremos a abordagem crítica dos estudos pós-coloniais, principalmente os argumentos de Henrique Dussel, Neide Gondim, Ana Pizarro, Eduardo Galeano, Hugo Achugar, Albert Memmi, dentre outros, para tratar da colonização da Amazônia, analisando os termos: índio, caboclo e guardião de fronteira, empregados pelos colonizadores na Amazônia. Os resultados apontam que a utilização desses termos revela a estratégia perversa do colonizador em identificar o Outro, o diferente, inferiorizando-o, subjugando-o, justificando assim, a dominação, a exploração. Essas estratégias se estendem até os dias atuais de forma ainda mais refinada, por isso, a urgência em refletir e expor epistemicamente esse processo, a fim de descolonizar o olhar e as práticas em relação aos nativos da/na Amazônia.
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