Regeleia neobarroca: perspectivas sobre o neobarroco a partir de canções de Gilberto Gil
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2025.e101239Palabras clave:
traços barroquistas, Geléia Geral, Refazenda, Gilberto GilResumen
A pesquisadora Chiampi (2010) afirma que todo debate sobre a modernidade na América Latina tem de incluir o barroco, sob o risco de tornar-se incompleto. Sob essa ótica, este artigo pretende observar traços barroquistas nas canções: “Geléia Geral” e “Refazenda” do cantor e compositor baiano Gilberto Gil. A canção “Geléia Geral” foi lançada em 1968 e carrega em seu título um termo cunhado por Décio Pignatari que revela um Brasil mestiço, hibridizado, tradicional e moderno ao mesmo tempo. Uma manhã tropical que cozinha todas as “relíquias do Brasil”, um cozer neobarroco. “Refazenda”, por sua vez, foi lançada em 1975 em disco homônimo. A composição é de Gilberto Gil e faz parte da trilogia RE (Refavela, Refazenda e Realce) que o baiano trabalhou durante sua carreira. A canção “Refazenda” apresenta um banquete barroco tropical, banquete frutado, de sabores, de cheiros, uma canção que elege as frutas tropicais para discorrer sobre questões como o tempo e o devir, temas que parecem invisíveis pelos requintes barrocos, metáforas tropicais, frutadas. As duas canções parecem engendrar características neobarrocas, seja a geleia mestiça brasileira, seja o banquete neobarroco. Autores como Ávila (2016), Arriarán (2010), Coutinho (1994), Lezama Lima (1993) e Sarduy (1987) darão suporte teórico para esse enfoque analítico. Gilberto Gil enreda uma Bahia barroca em enlaces poéticos neobarrocos, um barroquismo que ressurge como requintes poéticos, melódicos e estéticos.
Citas
ALMEIDA, Maria Hermínia Brandão Tavares de; WEIS, Luiz. Carro-zero e pau-de-arara: o cotidiano da oposição de classe média ao regime militar. In: NOVAIS, Fernando (comp.). História da vida privada no Brasil, v. 4: contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo: Editora Schwarcz, p. 319-409, 1998.
ARRIARÁN, Samuel. La teoría del neobarroco de Severo Sarduy. México: Universidad Pedagógica Nacional de México, 2010.
ÁVILA, Affonso. O lúdico e as projeções do mundo barroco: uma linguagem a dor cortes, uma consciência a dos luces. São Paulo: Perspectiva, 2016.
BARROS, Patrícia M. de; NOGUEIRA, Ana P. “Geleia geral brasileria”: a formulação da ideia de identidade nacional através do Movimento Tropicalista. Revista Dito Efeito, Curitiba, v. 9, n. 14, p. 76-86, jan./jul. 2018.
CAMPOS, Haroldo de. Metalinguagem & outras metas. São Paulo: Perspectiva, 2013.
CARPENTIER, Alejo. O reino deste mundo. Trad. de João Olavo Saldanha. Apresentação: Otto Maria Carpeaux. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966. (Coleção Nossa América).
CARVALHO, Francisco Israel de. O teatro da morte e da vida: a escrita barroca de João Cabral de Melo Neto. Curitiba: 2012.
CHIAMPI, Irlemar. Barroco e modernidade: ensaios sobre literatura latinoamericana. São Paulo: Perspectiva, 2010.
COUTINHO, Afrânio. Do Barroco. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Tempo Brasileiro, 1994.
DIAZ, Lorenzo. La cocina del barroco: la gastronomía del siglo de oro en Lope, Cervantes y Quevedo. Madrid: Alianza Editorial, 2005.
GELEIA geral. Intérprete: Gilberto Gil. Compositores: G. Gil e T. Neto. In: VARIOUS Artists. Tropicália ou Panis et Circencis. São Paulo: Philips, 1968. lado A, disco vinil, faixa 6 (03:42 min).
GONZÁLEZ VELASCO, Pablo. El (neo)barroco como paradigma interpretativo iberoamericano. El Trapezio, 7 set. 2023. Disponível em: https://eltrapezio.eu/es/espanol/el-neobarroco-como-paradigma-interpretativo-iberoamericano_38758.html. Acesso em: 26 ago. 2025.
LEZAMA LIMA, José. La curiosidad barroca. In: LEZAMA LIMA, José. La expresión americana. Edición de Irlemar Chiampi. México: Fondo de Cultura Económica, 1993. p. 79-106.
SARDUY, Severo. El Barroco y el neobarroco, América latina en su literatura, Ed. César Fernández Moreno. México: Siglo XXI, 1972.
SARDUY, Severo. Ensayos generales sobre el barroco. México; Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 1987.
TATIT, Luiz. A construção do sentido na canção popular. Língua e Literatura, São Paulo, n. 21, p. 131-143, 1994/1995.
VASCONCELOS, José Manuel de. Apresentação de Severo Sarduy. In: SARDUY, Severo. Barroco. Trad. de Maria de Lurdes Júdice e José Manuel de Vasconcelos. Lisboa: Veja Universidade, 1988. p. 1-17.
WORMS, Luciana e COSTA, Wellington. Brasil século XX: ao pé da letra da canção popular. Curitiba: Nova Didática, 2002.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Rafael Barros de Alencar, Samuel Anderson de Oliveira Lima

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.