A Teoria da Ação à luz da experiência esquizofrênica: um estudo de epistemologia insana
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7984.2016v15n34p160Resumo
As noções de “epistemologia insana” e“heurística da insanidade” nomeiam um artifício metodológico que se provou frutífero em uma variedade de domínios de pesquisa, qual seja, o mergulho no âmbito do “patológico” com vistas à iluminação de modalidades “normais” de ação e experiência. Lançando mão deste estratagema no plano das caracterizações sociológicas da conduta humana, o artigo mobiliza descrições fenomenológicas e existenciais de vivências esquizoides e esquizofrênicas, não apenas para compreendê-las à luz da teoria praxiológica da ação, mas também para aprofundar a teoria praxiológica da ação à luz do que aquelas descrições nos ensinam sobre a multiplicidade de modos de “ser-no-mundo” exibida pelo anthropos. O estudo defende que as transformações vivenciadas em processos esquizoides ou esquizofrênicos, a despeito de seus custos psíquicos, não devem ser concebidas como meros déficits funcionais, mas como atitudes existenciais complexas que “desafiam”, em ato, certos postulados da teoria da ação em
sua versão praxiológica: o ancoramento em crenças tácitas é substituído por uma compulsão hiper-reflexiva, a relação pragmática com objetos materiais dá lugar a uma perplexidade quase-filosófica em face de sua mera realidade, os acordos intersubjetivos que oferecem familiaridade e ordem à realidade social em dada cultura são percebidos na sua arbitrariedade ontológica radical e o estranhamento quanto ao próprio corpo deixa de ser um lúdico ceticismo cartesiano para tornar-se uma vivência existencial profunda.
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