Nacionalismo e diversidade: do Programa “Esquenta”, da Rede Globo, à cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio 2016
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v16n35p159Resumo
O artigo propõe uma análise das formas de articulação entre o nacionalismo e a diversidade na cultura brasileira atual, tomando como objetos o programa Esquenta, da Rede Globo, e a cerimônia de abertura das Olimpíadas Rio 2016. Eles têm em comum uma alternância entre momentos de unidade e fragmentação que indicam os impasses e as saídas encontradas para falar em “Brasil” em um contexto político e cultural de crítica à assimilação do “outro” pelo discurso dominante. A participação de Regina Casé na cerimônia é muito mais do que casual. Ao mesmo tempo em que é vista como a “embaixadora da periferia” na TV, ela é um elo importante na rede de artistas e intelectuais que emergiram na cena cultural brasileira a partir dos anos de 1980, no teatro, no vídeo, no cinema e na TV. Os diretores da cerimônia de abertura também fazem parte da primeira geração de artistas e intelectuais formados após a consolidação de uma indústria cultural no Brasil, o que repercutiu no seu percurso formativo na medida em que a TV e a publicidade foram importantes espaços de socialização profissional para muitos dessa geração. Da mesma forma, a partir de 1980, respiraram os ares de crítica ao nacionalismo por sua associação ao Regime Militar e de crescente valorização da “diversidade”. Nessa chave analítica, partiremos do Núcleo Guel Arraes (NGA), da Rede Globo, que foi um ponto de agregação para muitos artistas dessa geração,
até chegar ao programa Esquenta no qual o projeto estético-político de visibilidade da “periferia” é a principal forma de expressão da “diversidade”. Depois, identificaremos ecos desse projeto na cerimônia de abertura, tentando mostrar que ela esboçou uma solução semelhante para a difícil conciliação entre o problema da identidade nacional e o valor da diversidade.
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