Parentelas, grupos dirigentes e alianças políticas

Autores

  • Fernanda Rios Petrarca Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • Wilson José Ferreira de Oliveira Universidade Federal de Sergipe (UFS)

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v16n37p191

Resumo

Este artigo demonstra que o conceito de parentela constitui uma importante contribuição heurística, na medida em que nos permite apreender o papel central que desempenharam os laços sociais e o sistema de alianças nas dinâmicas de composição e de recomposição dos grupos dirigentes. Tal abordagem visa fornecer elementos para um deslocamento dos debates sobre a politização como consequência da separação e interferência entre ordens de atividades distintas e autônomas. Isto requer uma maior atenção à descrição das múltiplas formas de dominação e organização políticas e, principalmente, a ruptura com as clivagens e antagonismos entre as sociedades fundadas em pressupostos e ideologias eurocêntricas.

Biografia do Autor

Fernanda Rios Petrarca, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Pós-doutora e doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). É professora adjunta no Departamento de Ciências Sociais (DCS) da UFS e no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) dessa mesma universidade.

Wilson José Ferreira de Oliveira, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

É professor Associado 3 da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no Departamento de Ciências Sociais (DCS), no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) e Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA). Possui doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Publicado

2017-12-22

Edição

Seção

Dossiê Temático