Para além da fórmula do amor: amor romântico como elemento central na construção do mercado do afeto via aplicativos

Autores

  • Maria Chaves Jardim Professora de Sociologia-Departamento de Sociologia da FCLar, UNESP e do Programa em Pós-graduação em ciências sociais da UNESP. Doutora em Ciências Sociais, UFSCar Pós-doutorado, FMSH-França

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2019v18n43p46

Resumo

Os aplicativos se tornaram ferramentas centrais nas interações contemporâneas, fabricando diversos tipos de consumo, inclusive o consumo de afetos.  Apesar do inegável crescimento do mercado do amor, sustendo pelos algoritmos, argumento que estes não fazem mágica por si só. Com base em pesquisa empírica com mulheres solteiras ou divorciadas entre 35-47 anos, procuro demonstrar que a cultura do amor romântico sustenta o mercado de aplicativos.  A pesquisa contou com uma etnografia no aplicativo Tinder, com a realização de um curso online que busca pela profissionalização da paquera e observação participante em uma página fechada do Facebook. Os resultados apontam que a “fórmula do amor”, criada pelos matemáticos e inserida nos smartphones, não existe em um vácuo social; a crença no amor romântico e a illusio no casamento como ideário de felicidade, ajudam, em diálogo com o mercado de autoajuda, a sustentar o mercado de afeto virtual. Tem como inspiração teórica insights da sociologia econômica e conceitos de Pierre Bourdieu

Biografia do Autor

Maria Chaves Jardim, Professora de Sociologia-Departamento de Sociologia da FCLar, UNESP e do Programa em Pós-graduação em ciências sociais da UNESP. Doutora em Ciências Sociais, UFSCar Pós-doutorado, FMSH-França

Doutora em Ciências Sociais, UFSCar
Pós-doutorado, FMSH-França

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Publicado

2020-03-17

Edição

Seção

Dossiê Temático