Estabilidade na mudança: famílias de partidos e a hipótese do congelamento do sistema partidário no Brasil (1982-2018)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2019v18n42p224

Resumo

Neste artigo pretendo estudar a dinâmica do sistema partidário brasileiro a partir da hipótese do “congelamento” do sistema partidário de Lipset e Rokkan (1967). Quando agrupamos os partidos em famílias vemos que, entre os anos 1990 até o fim da primeira década do século XXI, o sistema partidário brasileiro parece tão “congelado” quanto o europeu. Após 2010, assim como na Europa, pequenos partidos de direita ganham força, mas o apoio das grandes famílias “esquerda” e “direita” permanece relativamente constante. Também constato alguma estabilidade quando se agrupa os partidos conforme sua genealogia. Essa dinâmica é similar àquela dos sistemas partidários europeus. A contribuição do artigo está em ser o primeiro a testar explicitamente a aplicação da hipótese do congelamento do sistema partidário de Lipset e Rokkan para o caso brasileiro, assim como o primeiro a sugerir a construção de famílias partidárias de modo sistemático utilizando as sugestões de Mair e Mudde (1998).

Biografia do Autor

Fernando Guarnieri, IESP-UERJ

Professor Adjunto

Departamento de Ciência Política

Referências

BARTOLINI, Stefano; MAIR, Peter. Identity, Competition, and Electoral Availability: The Stability of European Electorates, 1885-1985. 1990.

BENEVIDES, Maria Victoria. O PTB e o trabalhismo: partido e sindicato em São Paulo, 1945-1964. Editora Brasiliense, 1989.

BOLOGNESI, Bruno et al. A direita no Cone Sul: dinâmicas de poder nos partidos políticos de Argentina, Brasil e Chile. 2014.

BRAGA, Maria do Socorro Sousa. Eleições e democracia no Brasil: a caminho de partidos e sistema partidário institucionalizados. 2010.

CAMIA, Valeria; CARAMANI, Daniele. Family meetings: Ideological convergence within party families across Europe, 1945–2009. Comparative European Politics, v. 10, n. 1, p. 48-85, 2012.

CARAMANI, Daniele. Party systems. Comparative politics, p. 319-347, 2008.

CARAMANI, Daniele. The nationalization of politics: The formation of national electorates and party systems in Western Europe. Cambridge University Press, 2004.

CODATO, Adriano; BOLOGNESI, Bruno; ROEDER, Karolina Mattos. A nova direita brasileira: uma análise da dinâmica partidária e eleitoral do campo conservador. Direita, volver, p. 121, 2015.

DALTON, Russell J.; FLANAGAN, Scott C.; BECK, Paul Allen. Political forces and partisan change. Electoral change in advanced industrial democracies: Realignment or dealignment, p. 451-476, 1984.

GOLDER, Matt. An evolutionary approach to party system stability. Unpublished manuscript. Accessed, http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.558.4782&rep=rep1&type=pdfv. Último acesso em dezembro de 2018.

KITSCHELT, Herbert. European party systems: continuity and change. In: Developments in West European Politics. Palgrave, London, 1997. p. 131-150.

KÖNIG, Thomas; MARBACH, Moritz; OSNABRÜGGE, Moritz. Estimating party positions across countries and time—A dynamic latent variable model for manifesto data. Political Analysis, v. 21, n. 4, p. 468-491, 2013.

LAMOUNIER, Bolívar. A democracia brasileira de 1985 à década de 1990: a síndrome da paralisia hiperativa. Governabilidade, sistema político e violência urbana. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1994.

LAMOUNIER, Bolivar. Estrutura institucional e governabilidade na década de 1990. O Brasil e as reformas políticas. Rio de Janeiro: José Olympio, p. 24-47, 1992.

LIMONGI, Fernando; GUARNIERI, Fernando. Competição partidária e voto nas eleições presidenciais no Brasil. Opinião pública, v. 21, n. 1, p. 60-86, 2015.

LIPSET, Seymour Martin; ROKKAN, Stein. Party systems and voter alignments: cross-national perspectives:[Contributors: Robert R. Alford and others]. Free press, 1967.

MAGUIRE, Maria. Is there still persistence?: electoral change in Western Europe, 1948-1979. 1983.

MAINWARING, Scott; GERVASONI, Carlos; ESPAÑA-NAJERA, Annabella. Extra-and within-system electoral volatility. Party Politics, v. 23, n. 6, p. 623-635, 2017.

MAINWARING, Scott; ZOCO, Edurne. Political sequences and the stabilization of interparty competition: electoral volatility in old and new democracies. Party politics, v. 13, n. 2, p. 155-178, 2007.

MAINWARING, Scott. Politicians, parties, and electoral systems: Brazil in comparative perspective. Comparative Politics, v. 24, n. 1, p. 21-43, 1991.

MAINWARING, Scott. Rethinking party systems in the third wave of democratization: the case of Brazil. Stanford University Press, 1999.

MAIR, Peter et al. Party system change: approaches and interpretations. Oxford University Press, 1997.

MAIR, Peter; MUDDE, Cas. The party family and its study. Annual review of political science, v. 1, n. 1, p. 211-229, 1998.

MAIR, Peter. Myths of electoral change and the survival of traditional parties: The 1992 Stein Rokkan Lecture. European Journal of Political Research, v. 24, n. 2, p. 121-133, 1993.

MERKL, Peter; LAWSON, Kay. When parties fail. Emerging Alternative, 1988.

O'DONNELL, Guillermo. Notas para el estudio de procesos de democratización política a partir del estado burocrático-autoritario. Desarrollo económico, p. 231-248, 1982.

PEDERSEN, Mogens N. Changing patterns of electoral volatility in European party systems, 1948-1977: Explorations in explanation. Western European party systems: Continuity and change, p. 29-66, 1983.

PEDERSEN, Mogens N. The dynamics of European party systems: changing patterns of electoral volatility. European Journal of Political Research, v. 7, n. 1, p. 1-26, 1979.

PERES, Paulo Sérgio. Sistema partidário e instabilidade eleitoral no Brasil. Partidos no cone sul: novos ângulos de pesquisa. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2002.

PERES, Paulo; RICCI, Paolo; RENNÓ, Lúcio R. A variação da volatilidade eleitoral no Brasil: um teste das explicações políticas, econômicas e sociais. Latin American Research Review, p. 46-68, 2011.

POWELL, Eleanor Neff; TUCKER, Joshua A. Revisiting electoral volatility in post-communist countries: New data, new results and new approaches. British Journal of Political Science, v. 44, n. 1, p. 123-147, 2014.

POWER, Timothy J.; ZUCCO JR, Cesar. Elite preferences in a consolidating democracy: the Brazilian legislative surveys, 1990–2009. Latin American Politics and Society, v. 54, n. 4, p. 1-27, 2012.

POWER, Timothy J.; ZUCCO JR, Cesar. "Brazilian Legislative Surveys (1990-2013)", https://hdl.handle.net/1902.1/14970, Harvard Dataverse, V5, UNF:5:VWkkenGqJz8okIV/iX0+yQ== [fileUNF], 2011

POWER, Timothy J.; ZUCCO JR, Cesar. Estimating ideology of Brazilian legislative parties, 1990-2005: a research communication. Latin American Research Review, p. 218-246, 2009.

PRZEWORSKI, Adam. Democracy and the market: Political and economic reforms in Eastern Europe and Latin America. Cambridge University Press, 1991.

ROKKAN, Stein. Citizens, Elections, Parties; Approaches to the Comparative Study of the Processes of Development, by Stein Rokkan, with Angus Campbell, Per Torsvik, and Henry Valen. New York: McKay, 1970.

ROSE, Richard; URWIN, Derek W. Persistence and change in western party systems since 1945. Political Studies, v. 18, n. 3, p. 287-319, 1970.

SEILER, Daniel-Louis. Partis et familles politiques. Presses universitaires de France, 1980.

SINGER, André. A direita e a esquerda e no Eleitorado brasileiro: a identificação ideológica nas Disputas Presidenciais de 1989 e 1994. Edusp, São Paulo, 2002.

TAROUCO, Gabriela; MADEIRA, Rafael Machado. Partidos, programas e o debate sobre esquerda e direita no Brasil. Revista de Sociologia e Política, v. 21, n. 45, 2013.

VON BEYME, Klaus. Political parties in Western democracies. Gower Publishing Company, Limited, 1985.

Downloads

Publicado

2019-12-16

Edição

Seção

Dossiê Temático