Fascismo à brasileira? Análise de conteúdo dos discursos de Bolsonaro após o segundo turno das eleições presidenciais de 2018

Autores

  • Ana Julia Bonzanini Bernardi Doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Jennifer Azambuja de Morais Professora da Pós Graduação em Ciência Política na UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2021.72401

Resumo

O uso do termo fascismo discorre sobre uma série de governos autoritários e totalitários com um forte apego populista. Primeiramente cunhado para definir o movimento liderado por Mussolini na Itália, também é comumente usado para descrever a ideologia nazista e outros governos autoritários, principalmente, concentrados no cerne da extrema direita – sobretudo com cunho militarista. Nesse sentido, dentro do contexto atual de expansão de governos de extrema direita em todo o mundo, o termo vem ganhando novos contornos. No caso brasileiro, embora muitos utilizem o termo autoritário, para descrever o novo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, buscamos neste artigo demonstrar através de suas falas na campanha eleitoral e no primeiro mês de presidência, que este emprega sim, um discurso com cunho fascista. Para tanto, realizamos uma releitura dos principais teóricos sobre o fascismo enumerando suas características encontradas no discurso bolsonarista, tais como; construção de um inimigo comum, exaltação de um passado mítico, desvalorização das minorias e desrespeito às liberdades democráticas em prol de uma guerra à corrupção. 

Biografia do Autor

Ana Julia Bonzanini Bernardi, Doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduada em Relações Internacionais pela ESPM, e em Politicas Públicas pela UFRGS. Mestrado e Doutorado em andamento no Programa de Pós Graduação em Ciência Política da UFRGS.

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Publicado

2021-12-31