Estigma, humilhação e controle social entre beneficiários do Programa Bolsa Família

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7984.2022.e82285

Palavras-chave:

Pobreza, Programa Bolsa Família, Estigma

Resumo

Neste artigo pretendemos analisar os parâmetros a partir dos quais se constroem representações e práticas entre os “burocratas de rua” e os “pobres”. Dentre os objetivos de pesquisa, primeiramente buscamos entender como os candidatos ao programa interpretam e negociam com os operadores do programa as categorias por eles atribuídas. Em segundo lugar, procuramos explorar em que medida o grupo de beneficiários se percebe e é percebido como um grupo social diferenciado no setor de cadastramento. Nesse sentido, três questões norteiam nossa análise: 1) Quais valores são aplicados por beneficiários e candidatos para justificar sua participação no Programa? e 2) Estes sujeitos estão sujeitos a constrangimentos e / ou controles que estão particularmente relacionados à sua posição de dependentes do Estado? Para responder a essas questões, realizamos 70 entrevistas com beneficiários do programa e não beneficiários do Bolsa Família em uma periferia do Rio de Janeiro. Dentre os achados de pesquisa, identificamos que há de qualificação moral e que os entrevistados se sentem (em alguns contextos e não na totalidade de suas trajetórias) estigmatizados por serem beneficiários de uma política de transferência de renda.

Biografia do Autor

Mani Tebet Azevedo de Marins, UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Professora Permanente do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da UFRRJ e Professora Permanente do Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ. Além disto, é líder do Diretório de Pesquisa "Desigualdade, interseccionalidade e Política Pública". Atualmente é Coordenadora do Comitê de Pesquisa de Sociologia das Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). Sua publicação mais recente encontra-se na Revista Sociedade e Estado v. 36, p. 669-692, 2021, sob o título: Auxílio Emergencial em tempos de pandemia.

Referências

BICHIR, R. M. O Bolsa Família na berlinda? Os desafios atuais dos programas de transferência de

renda. Novos estudos CEBRAP, v. 87, p. 115-129, 2010.

BOURDIEU, P. Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

DUBOIS, V. La vie au guichet. Relation administrative et traitement de la misère. Paris:

Économica-Études Politiques, 2010.

DUVOUX, N. L’autonomie des assistés. Sociologie des politiques d’insertion. Paris: PUF, 2009.

GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1987.

GOFFMAN, E. Estigma: notas sobe a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro:

Guanabara, 1988.

GOFFMAN, E. Ritual de interação. Ensaios sobre o comportamento face a face. Petrópolis:

Vozes, 2012.

KATZ, E. The undeserving poor: from the war on poverty to the war on welfare. New York:

Pantheon, 1990.

LIPSKY, M. Street-level bureaucracy: dilemmas of the individual in public services. New York:

Russell Sage Foundation, 1983.

LOTTA, G. S.; PIRES, R. R. C.; OLIVEIRA, V. E. Burocratas de Médio Escalão: novos olhares

sobre velhos atores da produção de políticas públicas. Revista do Serviço Público, v. 65, n. 4, p.

-492, 2014.

PIRES, R. R. C. (org.). Implementando desigualdades: reprodução de desigualdades na

implementação de políticas públicas. Rio de Janeiro: Ipea, 2019.

STEENSLAND, B. Cultural categories and the American Welfare State: the case of guaranteed

income policy. University of Chicago, v. 111, n. 5, p.1273-1326, 2006.

STROBEL, P. Penser les politiques sociales. Contre les inégalités: le principe de solidarité. La

Tour d’Aigues: Éditions de l’Aube, 2008

Downloads

Publicado

2023-06-21