As pautas do Supremo: jogo colegial e determinação individual do tempo decisório nos plenários presencial e virtual
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7984.2022.e86767Palavras-chave:
Supremo Tribunal Federal, Poder de pauta, Jogo colegial, Cenários de interaçãoResumo
A partir da literatura brasileira e estrangeira sobre a agenda e o tempo decisório de cortes, bem como da descrição dos poderes individuais de pauta dos plenários presencial e virtual do Supremo Tribunal Federal (STF), o texto se propõe a pensar em como estudar empiricamente a pauta do STF. Com esse objetivo, desenvolvo um modelo de análise baseado no jogo colegial para operacionalizar a variável desenho institucional: os cenários de interação. Os cenários de interação incorporam o comportamento observável dos juízes, o desenho institucional e o tempo decisório da corte com o objetivo de investigar se a concorrência dos poderes de pauta do STF impõe limites à atuação individual dos ministros quando tentam implementar suas preferências através do manejo do tempo.
Referências
ALARIE, B.; GREEN, A. J. Commitment and cooperation on high courts: a cross-country examination of institutional constraints on judges. New York: Oxford University Press, 2017.
ALVES, P. C. A. O tempo como ferramenta de decisão no STF: um mapeamento da seletividade do tribunal nos tempos processuais das ações diretas de inconstitucionalidade. São Paulo: Sociedade Brasileira de Direito Público, 2006.
ARANTES, R. Judiciário e política no Brasil. São Paulo: Educ, 1997.
ARANTES, R. Constitutionalism, the expansion of justice and the judicialization of politics in Brazil. In: SIEDER, R.; SCHJOLDEN, L.; ANGELL, A. (org.). The judicialization of politics in Latin America. Nova York: Palgrave MacMillan, 2005, p. 231-262.
ARAÚJO, M. Comportamento estratégico no Supremo Tribunal Federal. Belo Horizonte. 2017. 106f. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, Universidade Federal de Minas Gerais, 2017.
ARGUELHES, D. Poder não é querer: preferências restritivas e redesenho institucional no Supremo Tribunal Federal pós-democratização. Universitas JUS, v. 25, n. 1, p. 25-45, 2014.
ARGUELHES, D.; HARTMANN, I. A. Timing control without docket control: how individual justices shape the brazilian supreme court’s agenda. Journal of Law ad Courts, v.5, n. 1, p. 105-140, 2017.
ARGUELHES, D.; RIBEIRO, L. M. The court, it is I? Individual judicial powers in the Brazilian Supreme Court and their implications for constitutional theory. Global Constitutionalism, v. 7, n. 2, p. 236-262, 2018a.
ARGUELHES, D.; RIBEIRO, L. M. Ministrocracia: o Supremo Tribunal individual e o processo democrático brasileiro. Novos estudos CEBRAP, v. 37, n. 1, p. 13-32, jan./abr. 2018b.
ARMANI, G. F.; RODRIGUES, F. Controle judicial da classe política: como a competência criminal contribui para explicar o comportamento do Supremo Tribunal Federal? Dossiê Política & Sociedade. (no prelo).
BARBOSA, A. L. P. As estratégias na definição da pauta de julgamento: um olhar sobre o perfil da Corte Gilmar Mendes. São Paulo: Sociedade Brasileira de Direito Público, 2015.
BARBOSA, A. L. P. Decidindo (não) decidir: instrumentos de influência individual na definição da agenda e do tempo dos julgamentos no STF. 2020. 209f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.
BARBOSA, A. L. P.; GLEZER, R. A ascensão do plenário virtual: nova dinâmica, antigos poderes. Dossiê Política & Sociedade. (no prelo).
BAIRD, V.; JACOBI, T. Judicial agenda setting through signaling and strategic litigant responses. Washington University Journal of Law & Policy, v. 29, p. 215-239, 2009.
BEIM, D.; CLARK, T. S.; PATTY, J. W. Why do courts delay? Journal of Law and Courts, v. 5, n. 2, p. 199-241, 2017.
BICKEL, A. M. Foreword: the passive virtues. Harvard Law Review, v. 75, p. 40-79, 1961.
BOUCHER, R. L.; SEGAL, J. A. Supreme Court Justices as Strategic Decision Makers: Aggressive Grants and Defensive Denials on the Vinson Court. The Journal of Politics, v. 57, n. 3, p. 824-837, 1995.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE 1276977. 2022. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5945131. Acesso em: 19 de junho de 2023.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. 2023. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/. Acesso em: 19 de junho de 2023.
CALDEIRA, G. A.; WRIGHT, J. R.; ZORN, C. Organized interests and agenda setting in the U.S. Supreme Court revisited. 7th Annual Conference on Empirical Legal Studies Paper, july 15, 2012.
DA ROS, L.; TAYLOR, M. M. Os partidos dentro e fora do poder: a judicialização como resultado contingente da estratégia política. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 51, n. 4, p. 825-864, 2008.
DIMOULIS, D.; LUNARDI, S. Definição da pauta no Supremo Tribunal Federal e (auto)criação do processo objetivo. In: XVII CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 20 a 22 de novembro de 2008. Brasília. Anais do XVII CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 2008, p. 4357-4377.
ESTEVES, L. F. G. A tentativa de pautar o Supremo. In: FALCÃO, J. et al. (org.). O Supremo Tribunal Criminal: O Supremo em 2017. Belo Horizonte: Letramento, 2018a, p. 83-86.
ESTEVES, L. F. G. O que os números dizem sobre a pauta do STF de Cármen? In: FALCÃO, J. et al. (org.) O Supremo Tribunal Criminal: O Supremo em 2017. Belo Horizonte: Letramento, 2018b. p. 87-94.
ESTEVES, L. F. G. Onze ilhas ou uma ilha e dez ilhéus? A presidência do STF e sua influência na atuação do tribunal. Revista Estudos Institucionais, v. 6, n. 1, p. 129-155, jan./abr. 2020.
ESTEVES, L. F. G. A construção da pauta do Supremo Tribunal Federal: Quem, o quê, e como. 2022. 269f. Tese (Doutorado em Direito) – Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.
EPSTEIN, L.; LANDES, W. M.; POSNER, R. A. The best for last: the timing of U.S. Supreme Court decisions. Duke Law Journal, v. 64, n. 6, p. 991-1022, 2015.
FALCÃO, J.; CERDEIRA, P. C.; ARGUELHES, D. I Relatório Supremo em Números: o Múltiplo Supremo. 73f, 2012. Rio de Janeiro: FGV Direito Rio, 2014.
FALCÃO, J.; HARTMANN, I. A.; CHAVES, V. P. III Relatório Supremo em Números: o Supremo e o Tempo. 153f. Rio de Janeiro: FGV Direito Rio, 2014.
FONTANA, D. Docket control and the success of constitutional courts. In: GINSBURG, T.; DIXON, R. (ed.). Comparative Constitutional Law. Northampton: Edward Elgar Publishing, 2011, p. 624-641.
GLEZER, R.; FERRARO, L. P.; MACHADO, G. T. A ministrocracia subvertida: como o presidente do STF passou a controlar os demais ministros. In: GAVIÃO FILHO, A. P. et al. (org.). Coletânea do VII Seminário Nacional Tutelas à Efetivação de Direitos Indisponíveis. São Paulo: Editora Dialética, 2021, p. 29-56.
HARTMANN, I. A.; FERREIRA, L. Ao relator, tudo: o impacto do aumento do poder do ministro relator no Supremo. Revista Opinião Jurídica, Fortaleza, ano 13, n. 17, p. 268-283, jan./dez. 2015.
IMMERGUT, E. M. The theoretical core of the new institutionalism. Politics & Society, v. 26, n. 1, p. 5-34, mar. 1998.
INATOMI, C. C. As Análises Políticas sobre o Poder Judiciário: Lições da Ciência Política Norte-americana. Campinas: Editora Unicamp, 2020.
MAGALONI, B.; MAGAR, E.; SANCHEZ, A. No self-control: decentralized agenda power and the dimensional structure of Mexican Supreme Court. Annual Meeting of the American Political Science Association, Washington D.C., 2010.
MALTZMAN, F.; WAHLBECK, P. May It Please The Chief? Opinion Assignments in the Rehnquist Court. American Journal of Political Science, v. 40, n. 2, p. 421-443, 1996.
MALTZMAN, F.; SPRIGGS II, J.; WAHLBECK, P. Crafting law on the Supreme Court: the colegial game. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.
MARIANO SILVA, J.; MARTINS, R. Diferenças que fazem diferença: técnicas de estimação de pontos ideais no comportamento dos ministros do STF. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 41, 23 a 27 de outubro de 2017, Caxambu, 2017.
MARIANO SILVA, J. Mapeando o Supremo: as posições dos ministros do STF na jurisdição constitucional (2012-2017). Novos Estudos CEBRAP, v. 37, n. 1, p. 35-54, 2018.
OLIVEIRA, F. L. Processo decisório no Supremo Tribunal Federal: coalizões e “panelinhas”. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v. 20, n. 44, p. 139-153, nov. 2012.
OLIVEIRA, F. L. Processo decisório no Supremo Tribunal Federal: como votam seus ministros. In: MARONA, M. C.; DEL RÍO, A. (org.). Justiça no Brasil às margens da democracia. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2018, p. 257-280.
PERRY JR., H. W. Deciding to decide: agenda setting in the United States Supreme Court. Cambridge: Harvard University Press, 1994.
PONCE, C. I. Definição de pauta no STF no controle de constitucionalidade de emendas constitucionais nos governos FHC e Lula. In: VOJVODIC, A. et al. (org.). Jurisdição Constitucional no Brasil. São Paulo: Sociedade Brasileira de Direito Público, Malheiros Editores, 2012, p. 158-173.
SKIPLE, J. K.; BENTSEN, H. L.; MCKENZIE, M. J. How Docket Control Shapes Judicial Behavior: A Comparative Analysis of the Norwegian and the Danish Supreme Courts. Journal of Law and Courts, p. 111-136, spring 2021.
SU, Y.; HO, H. Judging, sooner or later: a study of decision timing in Taiwan’s Constitutional Court. jul. 2014. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2467934. Acesso em: 16 ago. 2022.
TAYLOR, M. M. Judging policy: courts and policy reform in democratic Brazil. Standford University Press: California, 2008.
VERÍSSIMO, M. P. A constituição de 1988, vinte anos depois: suprema corte e ativismo judicial à brasileira. Revista Direito GV, São Paulo, p. 407-440, jul./dez. 2008.
Downloads
Publicado
Versões
- 2023-08-24 (2)
- 2023-08-23 (1)
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os artigos e demais trabalhos publicados em Política & Sociedade, periódico vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSC, passam a ser propriedade da revista. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e data dessa publicação.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.