Experiências que tangenciam o (in)visível e a mobilidade: etnografias em diálogo
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n366982Resumo
O processo de entrecruzamento de perspectivas e análises de duas pesquisadoras é o foco
da discussão deste texto. Nele são discutidas as inquietações e questionamentos diante de solicitações experimentadas durante o trabalho etnográfico caracterizado pela longa duração tanto entre os Dogon (no Mali) como entre os Tsonga (no sul de Moçambique). Nas experiências aqui retrabalhadas são indicadas nuances de apreensão de experiências ligadas à loucura, à incapacidade reprodutiva, à migração e a um conjunto de dinâmicas de saberes endógenos em situações de crise e sofrimento individual e social. Na análise, as autoras atentam para o movimento do imaginário e da criatividade, assumindo, de modo complementar, uma releitura reflexiva como maneira de cumprir travessias epistemológicas para o entendimento de questões densas de sentido e de ambiguidades que emergiram
em estudos de campo. Tornou-se relevante para ambas as pesquisadoras o recurso a estratégias sensíveis para acesso ao mundo imaginal – desenho, fotografia e construção fílmica –, inscrevendo produções expressivas na interpretação antropológica como possibilidades interculturais no contexto do trabalho etnográfico. As referências culturais e epistêmicas geram percepções contrastantes, por vezes ininteligíveis, demandando recurso a linguagens não lineares no que concerne a noções ligadas aos domínios do não visível e a formas de elaboração da mobilidade em meio às sombras lançadas nas construções intersubjetivas.
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