Agrupamentos de travestis e transexuais encarceradas no Ceará, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n157687

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir a formação de agrupamentos de travestis e transexuais encarceradas no Ceará. Por meio de narrativas produzidas a partir de dados etnográficos, remeter-se-á às diferentes condições de aprisionamento para pessoas trans – em momentos, espaços e agrupamentos variados – que são mobilizadas por discursividades concernente à política de gestão dessa população. Com isso, pretende-se discutir processos de Estado que identificam, classificam e agrupam travestis e transexuais como “perigosas”, “menos perigosas” ou “vulneráveis” como forma de gestão operada por práticas discursivas no controle e vigilância dessa população quando em cumprimento de pena privativa de liberdade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francisco Elionardo de Melo Nascimento, Universidade Estadual do Ceará

Bacharel em Serviço Social, Especialista em eduacação a Distância (UFC), Mestre e Doutorando em Sociologia Pela Universidade Estadual do Ceará

Referências

ANDRADE, Eliakim Lucena de. A Rua dos Irmãos: uma etnografia na prisão. 2014. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.

AGUIÃO, Silvia Rodrigues. “‘Não somos um simples conjunto de letrinhas’: disputas internas e (re)arranjos da política ‘LGBT’”. Cadernos Pagu, n. 46, p. 279-310, jan./abr. 2016.

BIONDI, Karina. Junto e misturado: uma etnografia do PCC. São Paulo: Terceiro Nome, 2010.

BOLDRIN, Guilherme Ramos. Desejo e separação: Monas, gays e envolvidos num presídio em São Paulo. 2017. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil.

BRASIL. Resolução conjunta nº.1, de 15 de maio de 2014. Dispõe sobre Estabelecer os parâmetros de acolhimento de LGBT em privação de liberdade no Brasil. Brasília, Diário Oficial da União, seção 1, n. 74, 2014. p. 1-2.

BRASIL. Levantamento Nacional de Informações Penitenciária INFOPEN. Brasília, Ministério da Justiça, Departamento Penitenciário Nacional, 2016. Disponível em http://depen.gov.br/DEPEN/noticias-1/noticias/infopen-levantamento-nacional-de-informacoes-penitenciarias-2016/relatorio_2016_22111.pdf. Acesso em 24/04/2018.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 4. ed. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

CUNHA, Manuela Ivone. “The Ethnography of Prisons and Penal Confinement”. Annual Review of Anthropology, v. 43, p. 217-233, 2014.

DAS, Veena. Critical events. An anthropological perspective on contemporary India. Delhi: Oxford University Press, 1995.

EUSTÁQUIO JÚNIOR, Cicero Pereira; BREGALDA, Marília Mayer; SILVA, Bianca Rodrigues da. “Qualidade de vida de detentos(as) da Primeira Ala LGBT do Brasil”. Revista Bagoas, v. 9, n. 13, p. 253-276, jun. 2015.

FERREIRA, Guilherme Gomes. Travestis e prisões: experiência social e mecanismos particulares de encarceramento no Brasil. Curitiba: Multideia, 2015.

FERREIRA, Guilherme Gomes; KLEIN, Caio Cesar; GOULART, Vincent Pereira. “A criação de alas ou galerias específicas para LGBTs presos como ‘política penitenciária’: contradições e disputas”. Revista Sociologia Jurídica, n. 28, p. 21-36, abr. 2019.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Rio de Janeiro: Vozes, 1997. FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

GODOI, Rafael. “Vasos comunicantes, fluxos penitenciários: entre o dentro e o fora das prisões de São Paulo”. Vivência: Revista de Antropologia, v. 1, n. 46, p. 131-142, mar. 2015.

GODOI, Rafael; MALLART, Fábio. “Apresentação do Dossiê Dados e atualidade da pesquisa em prisão do Brasil”. Aracê: Direitos Humanos em Revista, v. 4, n. 5, p. 8-13, 2017.

LAGO, Natália; ZAMBONI, Marcio. “Políticas sexuais e afetivas da prisão: gênero e sexualidade em tempos de encarceramento em massa”. In: MALLART, Fábio; GODOI, Rafael. BR 111: a rota das prisões brasileiras. São Paulo: Veneta/Le Monde Diplomatique, 2017. p. 71-86.

LAMOUNIER, Gabriela Almeida Moreira. Gêneros encarcerados: uma análise transviada da política de alas LGBT no sistema prisional de Minas Gerais. 2018. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

LOURENÇO, Luiz Claudio; GOMES, Geder Luiz Rocha (Orgs.). Prisões e punição no Brasil contemporâneo. Salvador: EDUFBA, 2013.

LOURENÇO, Luiz Claudio. “Prisões e punições no Brasil contemporâneo”. In: LOURENÇO, Luiz Claudio; GOMES, Geder Luiz Rocha (Orgs.). Prisões e punição no Brasil contemporâneo. Salvador: EDUFBA, 2013, p. 07-10.

MALLART, Fábio. Cadeias Dominadas: a Fundação CASA, suas dinâmicas e as trajetórias dos jovens internos. São Paulo: Terceiro Nome, 2014.

MALLART, Fábio. “Salve geral: áreas urbanas, instituições prisionais e unidades de internação da Fundação CASA em comunicação”. Revista de Antropologia Social dos Alunos do PPGAS-UFSCar, v. 3, n. 1, p.293-314, jan.-jun. 2011.

NASCIMENTO, Francisco Elionardo de Melo. “‘Por bem menos se interdita um zoológico’: apontamentos da condição histórica das prisões cearenses que culminou na crise penitenciária”. Aracê: Direitos Humanos em Revista, v. 4, n. 5, p. 136-159, 2017.

NASCIMENTO, Francisco Elionardo de Melo. Travestilidades Aprisionadas: narrativas de experiências de travestis em cumprimento de pena no Ceará. 2018a. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, MG, Brasil.

NASCIMENTO, Francisco Elionardo de Melo. “Pesquisa e trabalho no cárcere: desafios da pesquisa e do trabalho dos agentes penitenciários na prisão”. Vivência: Revista de Antropologia, v. 1, n. 51, p. 180-201, 2018b.

NASCIMENTO, Francisco Elionardo de Melo. “Agente penitenciário e/ou pesquisador? Trabalho e pesquisa na prisão desde um lugar relacional”. Revista Norus: Novos Rumos Sociológicos, v. 6, n. 10, p. 304-327, 2018c.

OLIVEIRA, Victor Neiva e. “Mudanças na administração prisional: Os agentes penitenciários e a construção da ordem nas prisões de Minas Gerais”. Dilemas, v. 11, n. 3, p. 412-434, set.- dez. 2018.

PADOVANI, Natália Corazza. “Tramas de afetos e transações: relações tecidas por brasileiras presas em Barcelona”. Transgressões, v. 4, n. 1, p. 133-149, maio 2016.

PADOVANI, Natália Corazza. “Tráfico de mulheres nas portarias das prisões ou dispositivos de segurança e gênero nos processos de produção das classes perigosas”. Cad. Pagu, Campinas, n. 51, e175101, 2017. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/cpa/n51/1809-4449-cpa-18094449201700510003.pdf. Acesso em 05/06/2019.

SALLA, Fernando. “As rebeliões nas prisões: novos significados a partir da experiência Brasileira”. Sociologias, v. 8, n. 16, p. 274-307, jul./dez. 2006.

SALLA, Fernando. “Práticas punitivas no cotidiano prisional”. Rev. O público e o privado, n. 26, p. 15-33, jul./dez. 2015.

SÁ, Leonardo Damasceno; AQUINO, Jania Perla Diógenes de. “Guerra das facções” no Ceará (2013-2018): Socialidade armada e disposição viril para matar ou morrer. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 42, 2018, Caxambu. Anais... Minas Gerais, ANPOCS, 2018, p. 1-30.

SEFFNER, Fernando; PASSOS, Amilton Gustavo da Silva. “Uma galeria para travestis, gays e seus maridos: Forças discursivas na geração de um acontecimento prisional”. Sexualidade, Salud y Sociedad: Revista Latinoamericana, n. 23, p. 140-160, maio-ago. 2016.

SILVA, Laricia Keury Campos da. As relações de poder vivenciadas pelas travestis na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto – CPPL III. 2015. Trabalho de Conclusão (Graduação em Serviço social) – Faculdade Cearense, Fortaleza, CE, Brasil.

SINHORETTO, Jacqueline; SILVESTRE, Giane; MELO, Felipe. “O encarceramento em massa em São Paulo”. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, v. 25 n. 1, p. 83-106, jul. 2013.

SIQUEIRA, Ítalo Barbosa Lima; ACCIOLY, Maria Izabel Feitosa. “Fanzines, beatboxe as táticas de comunicação nas prisões do Ceará e do Amazonas”. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 42, 2018, Caxambu. Anais... Minas Gerais, ANPOCS, 2018, p. 1-30.

SÓ BABADO. Mundo Gay, n. 1, 2014. Disponível em https://issuu.com/camilavasconcelos51/docs/s__babado_2014. Acesso em 10/06/2019.

SÓ BABADO (EXTRA). De movimento e visibilidade homossexual na CPPL III, n. 6, 2015. Disponível em https://issuu.com/camilavasconcelos51/docs/so_babado_6-2015. Acesso em 10/06/2019.

VIANNA, Adriana; LOWENKRON, Laura. “O duplo fazer do gênero e do Estado: interconexões, materialidades e linguagens”. Cad. Pagu, Campinas, n. 51, e175101, 2017. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332017000300302&lng=en&nrm=iso. Accesso em 03/05/2018.

ZAMBONI, Marcio. “Travestis e Transexuais Privadas de Liberdade: a (des)construção de um sujeito de direitos”. Revista Euro Americana de Antropologia, n. 2, p. 15-23, jun. 2016.

Publicado

2020-06-05

Como Citar

Nascimento, F. E. de M. (2020). Agrupamentos de travestis e transexuais encarceradas no Ceará, Brasil. Revista Estudos Feministas, 28(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n157687

Edição

Seção

Artigos