Fanzines e protagonismo LGBTI+ na formação da política penitenciária do Ceará

Autores

  • Francisco Elionardo de Melo Nascimento Universidade Estadual do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n380427%20

Palavras-chave:

Prisão, pessoas LGBTI , direitos humanos, “facções”

Resumo

Neste artigo, analisamos de que forma a organização das pessoas LGBTI+ resultou em
políticas destinadas a essa população no interior dos presídios cearenses. A partir do trabalho de campo etnográfico e da análise dos fanzines produzidos no interior das prisões, abordamos a presença de “facções” disputando com o Estado a (co)gestão das prisões e as relações de poder e hierarquia entre presos mobilizados pelas noções correntes de virilidade, heterossexualidade e violência. Neste cenário de tensão, a produção de fanzines tornou-se uma importante materialidade histórica e política, marcando a emergência de um organismo de coalizão entre os LGBTI+ e configurando-se em um instrumento por meio do qual se reivindica um lugar de sujeito de direitos

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Biografia do Autor

Francisco Elionardo de Melo Nascimento, Universidade Estadual do Ceará

Bacharel em Serviço Social, Especialista em eduacação a Distância (UFC), Mestre e Doutorando em Sociologia Pela Universidade Estadual do Ceará

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Arquivos adicionais

Publicado

2022-12-14

Como Citar

Nascimento, F. E. de M. (2022). Fanzines e protagonismo LGBTI+ na formação da política penitenciária do Ceará. Revista Estudos Feministas, 30(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n380427

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