“A minha vida não pode parar”: itinerários abortivos de mulheres jovens

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DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n158290

Resumo

Neste artigo objetivamos analisar como a classe e a raça constituem diferentes itinerários abortivos para mulheres jovens de uma região metropolitana do Brasil. Foram entrevistadas oito jovens com idades entre 19 e 28 anos, sendo quatro de classes populares e cinco de classes médias, três brancas e cinco negras. Como resultados, encontramos diferenças de classe e raça nos itinerários. As jovens brancas e de classes médias apresentam percursos mais curtos, conseguem dispor de uma rede de informações um pouco mais consistente e relatam um processo decisório mais conflitivo. As jovens negras e de classes populares narram itinerários mais longos, dispõem de uma rede de apoio mais precária e seus processos decisórios são mais imediatos.

 

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Biografia do Autor

Nathália Diórgenes Ferreira Lima, Universidade Federal de Pernambuco

Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com bolsa pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia (FACEPE). Mestra em Psicologia pela mesma universidade, com bolsa pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Poder, Cultura e Práticas Coletivas (GEPCOL) da UFPE. Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco. Possui pesquisa na categoria de Iniciação Cientifica (PIBIC) em Saúde da Mulher, Proteção Social e Atenção Básica à Saúde. Tem experiência de atuação nas linhas de pesquisa sobre relações de gênero, teorias feministas, relações de poder, saúde da mulher, direitos sexuais e reprodutivos, saúde pública e gestão de políticas públicas.

Rosineide de Lourdes Meira Cordeiro, Universidade Federal de Pernambuco

Doutora em Psicologia Social, (PUC/SP), professora do Programa de Pós-gradaução em Psicologia (UFPE).  Desenvolve pesquisas, projetos de extensão e processos educativos nas temáticas de mulheres ruralidades, redes e movimentos de mulheres do campo, feminismos e narrativas sobre a morte. Coordena o site Mulheres do Sertão e a Biblioteca Digital Vanete Almeida das Mulheres Rurais. É integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Poder, Cultura e Prática Coletivas (GEPCOL, Grupo Narrativas, Gênero e Saúde (NaGeS).

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Publicado

2020-06-05

Como Citar

Lima, N. D. F., & Cordeiro, R. de L. M. (2020). “A minha vida não pode parar”: itinerários abortivos de mulheres jovens. Revista Estudos Feministas, 28(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n158290

Edição

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Artigos