Comicidade crítica e riso autodepreciativo: um estudo com mulheres palhaças
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n61738Resumo
O presente artigo propõe uma reflexão sobre as questões de gênero que envolvem as práticas da palhaçaria feminina, a partir do convívio e de entrevistas com um grupo de mulheres palhaças no Brasil. Trabalha-se a ideia de que os discursos sociais forjam os corpos e os padrões de gênero e, portanto, perpassam os processos criativos na palhaçaria. Com base no conceito de práticas parodísticas desenvolvido por Judith Butler, este trabalho busca pensar nos processos da palhaçaria feminina no seu caráter de paródia de si e em suas reverberações na criação de uma comicidade crítica e não autodepreciativa. Propõe-se o conceito de paródia a partir dos trabalhos de Judith Butler, Linda Hutcheon e Giorgio Agamben como forma de delinear a noção de paródia na qualidade de distanciamento crítico e na possibilidade de afetar os modos de subjetivação das artistas.
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