Chica Bananinha, a sapatão barbuda de lá da Paraíba: Quando Sapatão é “Revolução”

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https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n162012

Resumo

Neste artigo, nos apropriamos do cordel “Chica Bananinha, a sapatão barbuda de lá da Paraíba” (1984), para compreendermos o quanto o nomear pode significar às lesbianidades. Quanto ao embasamento teórico, dentre outros aqui utilizados, contamos com os apontamentos de Swain (2004), Foucault (1988), Platão (2001), para problematizarmos respectivamente os conceitos de Lesbianidade e a representação do ato de nomear as lésbicas. É possível perceber, por meio do cordel, o quanto o nomear, identificar e categorizar, mesmo mediante os estereótipos, possibilitam visibilidade em torno das lesbianidades e constatação da existência das lésbicas frente ao silenciamento histórico e ao apagamento dos registros que atestavam suas existências. O cordel, além de representar essa existência, possibilita problematizar práticas que eram negadas, suprimidas na década de 1980.

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Biografia do Autor

Rozeane Porto Diniz, UEPB/UFRPE

Docente Visitante do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Pós-Doutoranda em História pela UFRPE. Doutora e Mestra em Literatura e Interculturalidade pela UEPB. Mestra em História pela UFPB. Participa do Núcleo de Investigações e Intervenções em Tecnologias Sociais/NINETS, do Grupo de Pesquisa: Estudos de Gênero e de Sexualidades, ambos da Universidade Estadual da Paraíba e do Laboratório de Estudos e Intervenções em Patrimônio Cultural e Memória Social/LEPAM da UFRPE.

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Publicado

2021-07-21

Como Citar

Diniz, R. P. (2021). Chica Bananinha, a sapatão barbuda de lá da Paraíba: Quando Sapatão é “Revolução”. Revista Estudos Feministas, 29(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n162012

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Artigos