Narrativas de mulheres lésbicas sobre as vivências no cotidiano e no período escolar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n167625

Resumo

Questões relativas à LGBTfobia e ao preconceito de gênero são comuns na escola e nos currículos escolares. Por meio de entrevistas narrativas com sete mulheres lésbicas oriundas tanto da rede pública quanto da rede privada de educação, este artigo buscou mostrar a percepção delas sobre essas questões. A partir da análise das entrevistas, o trabalho teve como objetivos traçar as especificidades e as sutilezas da construção das identidades no espaço escolar, bem como mostrar a representatividade sexual nos conteúdos escolares. O reconhecimento da identidade homoafetiva foi atravessado por violências de gênero que vão ao encontro de questões ligadas à lesbofobia. O currículo escolar, evidenciando a heteronormatividade pelo viés da reprodução de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), posiciona a escola como reprodutora de normas com relação a questões de gênero e sexualidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Laura Almeida, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Bacharela e licenciada em Ciências Biológicas e mestre em Ecologia, todos os graus obtidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mulher lésbica interessada nas temáticas de gênero, sexualidade e LGBTQIAP+fobia no contexto educacional. Educadora Social e Ambiental comprometida com a educação democrática e os direitos humanos.

Rosângela Rodrigues Soares, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestre e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora associada da Faculdade de Educação da UFRGS. Membro e pesquisadora do Grupo de Estudos em Educação e Relações de Gênero (GEERGE), atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores e culturas juvenis.

Referências

ALTMANN, Helena; AYOUB, Eliana; AMARAL, Sílvia Cristina Franco. “Gênero na prática docente em Educação Física: ‘meninas não gostam de suar, meninos são habilidosos ao jogar’?” Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 491-501, maio/ago. 2011.

ANDRADE, Sandra Santos. “A entrevista narrativa ressignificada nas pesquisas educacionais pósestruturalistas”. In: MEYER, Dagmar Estermann; PARAÍSO, Marlucy Alves (Orgs.). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2012. p. 173-194.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS (ABGLT). Secretaria da Educação. Pesquisa nacional sobre o ambiente educacional no Brasil 2015: as experiências de adolescentes e jovens lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em nossos ambientes educacionais. Curitiba: ABGLT, 2016.

BALESTRIN, Patrícia Abel; SOARES, Rosângela. “Gênero e sexualidade nas práticas educativas”. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 9, n. 16, p. 47-61, jan./jun. 2015.

BORILLO, Daniel. “A homofobia”. In: LIONÇO, Tatiana; DINIZ, Débora (Orgs.). Homofobia & Educação: um desafio ao silêncio. Brasília: Letras Livres, 2009. p. 15-46.

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 1997.

BRITZMAN, Débora. “O que é esta coisa chamada amor: identidade homossexual, educação e currículo”. Educação & Realidade, v. 21, n. 1, p. 71-96, jan./jul. 1996.

CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam; SILVA, Lorena Bernardete da. Juventudes e Sexualidade. Brasília: UNESCO, 2004.

CAVALEIRO, Maria Cristina. Feminilidades homossexuais no ambiente escolar: ocultamentos e discriminações vividas por garotas. 2009. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

DAYRELL, Juarez. “A escola ‘faz’ as juventudes? Reflexões em torno da socialização juvenil”. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100 (Especial), p. 1105-1128, out. 2007.

FALQUET, Jules. “Romper o tabu da heterossexualidade: contribuições da lesbianidade como movimento social e teoria política”. Cadernos de Crítica Feminista, n. 5, p. 8-31, dez. 2012.

GUTIERRES, Mariana Ribeiro Gutierres. “BIO” sexualidade em discussão: o livro didático de Biologia produzindo verdades sobre o corpo. 2015. Especialização (Programa de Pós-Graduação em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

JUNQUEIRA, Rogério Diniz. “Currículo heteronormativo e cotidiano escolar homofóbico”. Revista Espaço do Currículo, João Pessoa, v. 2, n. 2, p. 208-230, mar. 2010.

JUNQUEIRA. Rogério Diniz. “Pedagogia do armário: a normatividade em ação”. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 7, n. 13, p. 481-498, jul./dez. 2013.

LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro: RelumeDumará, 2001.

LARROSA, Jorge. “Tecnologias do eu e educação”. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. O sujeito da educação. Petrópolis: Editora Vozes, 1994. p. 35-86.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.

LOURO, Guacira Lopes. “Pedagogias da Sexualidade”. In: LOURO, Guacira Lopes et al. (Orgs.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 7-34.

MAIA, Ana Cláudia Bortolozzi. “Sexualidade e educação sexual”. [Material Didático]. Programa Rede São Paulo de Formação Docente (REDEFOR): Educação Especial e Inclusiva. São Paulo, 2014. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/155340/3/unesp-nead_reei1_ee_d06_s03_texto02.pdf. Acesso em 22/03/2021.

NEVES, Paulo Rogério da Conceição. As meninas de agora estão piores que os meninos: gênero, conflito e violência na escola. 2008. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

MORGADE, Graciela. “Políticas de educação sexual integral: saberes, práticas e corpos em tensão”. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 9, n. 16, p. 63-71, jan./jun. 2015.

PADILHA, Lúcia Mara de Lima. “A criação da escola a partir da divisão social do trabalho”. Publicatio UEPG: Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes. Ponta Grossa, v. 18, n. 1, p. 61-66, jan./jun. 2010.

PERES, Wiliam Siqueira. “Transfobias, lesbofobias e homofobias invisíveis: o que a escola tem com isso?” InterMeio: Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação. Campo Grande, v. 17, n. 34, p. 154-176, jul./dez. 2011.

PRADO, Vagner Matias do; RIBEIRO, Arilda Inês Miranda. “Homofobia e educação sexual na escola: percepções de homossexuais no ensino médio”. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 9, n. 16, p. 137-152, jan./jun. 2015.

RICH, Adrienne. “Heterossexualidade compulsória e existência lésbica”. Bagoas – Estudos Gays: Gêneros e Sexualidades, v. 4, n. 5, p. 17-44, nov. 2010.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

SOARES, Rosângela. “Adolescência: monstruosidade cultural?” Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 2, n. 25, p. 151-159, jul./dez. 2000.

SWAIN, Tânia Navarro. “Desfazendo o ‘natural’: a heterossexualidade compulsória e o continuum lesbiano”. Bagoas – Estudos Gays: Gêneros e Sexualidades, v. 4, n. 5, p. 45-55, nov. 2010.

VIANNA, Cláudia; CAVALEIRO, Maria Cristina. “Lesbofobia e cotidiano escolar: controle invisível da liberdade de expressão”. Revista Diversidade e Educação, v. 4, n. 7, p. 40-43, jan./jun. 2016.

Downloads

Publicado

2021-07-21

Como Citar

Almeida, A. L., & Rodrigues Soares, R. (2021). Narrativas de mulheres lésbicas sobre as vivências no cotidiano e no período escolar. Revista Estudos Feministas, 29(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n167625

Edição

Seção

Artigos