Margem de manobra, capacidade e potência de agir: repensar a noção de agência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n390141

Palavras-chave:

agência, teoria feminista, estudos de gênero, performatividade, subjetividade

Resumo

Neste artigo, temos como objetivo discutir teoricamente o conceito de agência, tal como o compreendemos, no sentido de capacidade de agir ou de margem de manobra. Noção histórica das teorias que se inspiram nos movimentos feministas, ocupa, recentemente, uma notoriedade importante no campo dos estudos de gênero e sexualidade. Num diálogo estreito com a performatividade, uma nova teoria sobre a capacidade de agir tem permitido pensar formas de se construir como sujeito pela superação das dicotomias entre dominação e resistência. Nessa visão, privilegia-se uma construção de si no híbrido de práticas de assujeitamento, adaptação e liberdade, onde as normas não são unicamente contestadas, mas igualmente incorporadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Diego Paz, Université Paris 1 - Panthéon Sorbonne

É doutor em psicologia, pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP-PE). Doutor em Sociologia pela Universidade Paris 8 - Vincennes Saint-Denis, com especialidade em estudos de gênero. Atualmente, é professor substituto no Departamento de Sociologia da Universidade Paris 1 - Panthéon Sorbonne. É vinculado ao LEGS (Laboratoire d’Édudes de Genre et de Sexualité).

 

Maria Cristina Lopes de Almeida Amazonas , Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)

Possui doutorado pela Universidad de Deusto (1999). É professora adjunta IV da Graduação em Psicologia e da Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Universidade Católica de Pernambuco. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da UNICAP (Universidade Católica de Pernambuco) (2007 a 2009). Coordenadora Geral da Pós-Graduação da Universidade Católica de Pernambuco (2010 a 2018). Pesquisadora do CNPq, nível PQ II.

Referências

AUSTIN, John L. Quando dizer e fazer. Porto Alegre: Artes Medicas, 1990.

AVISHAI, Orit. “Doing Religion” In a Secular World: Women in Conservative Religions and the Question of Agency”. Gender & Society, Londres, v. 22, n. 4, p. 409–433, jun. 2008.

BALIBAR, Étienne; LAUGIER, Sandra. “Agency”. In: CASSIN, Bárbara. Vocabulaire européen des philosophies: dictionnaire des intraduisibles. Paris: Seuil, 2019. p. 26-32.

BURKE, Kelsy C. “Women’s Agency in Gender-Traditional Religions: A Review of Four Approaches”. Sociology Compass, v. 6, n. 2, p. 122–133, fev. 2012.

BUTLER, Judith. Excitable speech: a politics of the performative. New York: Routledge, 1997.

BUTLER, Judith. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. 2. ed. New York: 1999.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução: Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

BUTLER, Judith. Le pouvoir des mots: discours de haine et politique du performatif. Tradução: Charlotte Nordmann; Jérôme Vidal. Paris: Éditions Amsterdam, 2017.

BUTLER, Judith. A vida psíquica do poder. Teorias da sujeição. Tradução: Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.

BUTLER, Judith. Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo”. Tradução: Veronica Daminelli; Daniel Yago Françoli. São Paulo: N-1 Edições, Crocodilo edições, 2020.

EMIRBAYER, Mustafa; MISCHE, Ann. “What Is Agency?”. American Journal of Sociology, Chicago, v. 103, n. 4, p. 962–1023, 1998.

FASSIN, Éric. “Préface à l’édition Française”. In: BUTLER, Judith. Trouble dans le genre?: le féminisme et la subversion de l’identité. Tradução: Cynthia Kraus. Paris: La Découverte, 2006. p. 5–19.

FOUCAULT, Michel. “Une esthétique de l’existence”. In: DEFERT, Daniel; EWALD, François. (Eds.). Dits et écrits, 1954-1988. II, 1976-1988. Paris: 2001. p. 1548–1553.

FOUCAULT, Michel. “Uma estética da existência”. In: MOTTA, Manoel Barros da (Ed.). Ética, sexualidade, política. Ditos e escritos. Tradução: Vera Lucia Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010. p. 288–293.

GRIFFITH, R. Marie. God’s daughters: evangelical women and the power of submission. London: University of California Press, 1997.

GROS, Frédéric. Michel Foucault. 5. ed. Paris, France: PUF, 2017.

HOYT, Amy. “Beyond the Victim/Empowerment Paradigm: The Gendered Cosmology of Mormon Women”. Feminist Theology, Cardiff, v. 16, n. 1, p. 89–100, set. 2007.

KATZENSTEIN, Mary Fainsod. Faithful and fearless: moving feminist protest inside the church and military. Princeton: Princeton University Press, 1998.

KAUFMAN, Alexander. “Reason, Self-Legislation and Legitimacy: Conceptions of Freedom in the Political Thought of Rousseau and Kant”. The Review of Politics, Cambridge, v. 59, n. 1, p. 25–52, jan. 1997.

MAHMOOD, Saba. Politics of Piety: The Islamic Revival and the Feminist Subject. Princeton; Oxford: Princeton University Press, 2005.

MAHMOOD, Saba. “Teoria feminista, agência e sujeito liberatório: algumas reflexões sobre o revivalismo islâmico no Egipto”. Etnográfica, Coimbra, v. 10, n. 1, p. 121–158, maio 2006.

MAHMOOD, Saba. Politique de la piété. Le féminisme à l’épreuve du renouveau islamique. Tradução: Nadia Marzouki. Paris: la Découverte, 2009.

MCNAY, Lois. “Subject, Psyche and Agency: The Work of Judith Butler”. Theory, Culture & Society, Londres, v. 16, n. 2, p. 175–193, abr. 1999.

MCNAY, Lois. Gender and agency: reconfiguring the subject in feminist and social theory. Cambridge: Polity Press; Blackwell Publishers, 2000.

MCNAY, Lois. “Agency, Anticipation and Indeterminacy in Feminist Theory”. Feminist Theory, Londres, v. 4, n. 2, p. 139–148, ago. 2003.

PAZ, Diego; CASEAU, Anne-Cécile. “Agency”. In: SEGARRA, Marta; ELOIT, Ilana Dictionnaire du genre en traduction. Barcelona, Paris, Helsinki, Casablanca, Ithaca: 2022. [s.p.].

RAGO, Margareth. A aventura de contar-se: feminismos, escrita de si e invenções da subjetividade. Campinas: Editora Unicamp, 2013.

READ, Jen'Nan Ghazal; BARTKOWSKI, Jonh P. “To Veil or Not to Veil? A Case Study of Identity Negotiation among Muslim Women in Austin, Texas”. Gender and Society, Illinois, v. 14, n. 3, p. 395–417, jun. 2000.

RENAULT, Emmanuel. “Théorie sociologique, théorie sociale, philosophie sociale?: une cartographie critique”. Sociologie, Paris, v. Vol. 9, n. 1, p. 43–59, maio 2018.

SCHNEEWIND, Jerome B. The Invention of Autonomy: A History of Modern Moral Philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

YENTER, Timothy; VAILATI, Ezio. “Samuel Clarke”. In: ZALTA, Edward N. (Ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Stanford: Metaphysics Research Lab, Stanford University, 2018. [s.p.].

ZAHARIJEVIC, Adriana. “La traduzione politicamente impegnata della filosofia: il caso del termine agency”. In: FIKET, Irena; HRNJEZ, Saša; SCALMANI, David. (Eds.). Culture in traduzione: un paradigma per l’Europa / Cultures in Translation: A Paradigm for Europe. Milano-Udine: Mimesis International, 2018. p. 113–127.

Downloads

Publicado

2025-12-02

Como Citar

Paz, D., & Amazonas , M. C. L. de A. (2025). Margem de manobra, capacidade e potência de agir: repensar a noção de agência. Revista Estudos Feministas, 33(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n390141

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

<< < 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)