Manifestações textuais (insubmissas) travesti

Autores

  • Sara Wagner York/Sara Wagner Pimenta Goncalves Jr Universidade do Estado do Rio de Janeiro https://orcid.org/0000-0002-4397-891X
  • Megg Rayara Gomes Oliveira Universidade Federal do Paraná
  • Bruna Benevides Marinha do Brasil

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n75614

Resumo

cisgeneridade-binária, heterossexual e compulsória como regime de governamentalidade (Michel FOUCAULT, 1979) determinou, por muito tempo, pressupostos que abarcam marcas profundas com seus estabelecidos normativos. As normas, marcadas pelo regime, acorrentaram as multiplicidades sexuais e de gênero fora daquilo que compreendia o social no Brasil e em boa parte do mundo. A marca repulsiva e marginalizada impressa pelos pressupostos da cis-hetero-governamentalidade de identidades de gênero e sexo no Brasil tem sua emergência a partir dos estudos que nomeavam como substantivo masculino as travestis, os primeiros corpos ciborgues (Donna HARAWAY, 1994) do/no Brasil. Além disso, tal dinâmica marcava corpos travestis em uma condição de não lugar. Muitos estudos abriram trincheira por vales colonizados na tentativa de descrever as subjetividades travestis, além dos essencialismos de gênero (Paul B. PRECIADO, 2017). Este manifesto, aos moldes de outros, busca apresentar, a partir de um pensamento travesti, caminhos atravessados pelo transfeminismo e transativismo, para um futuro travesti, marcado pela luta, afeto e pela presença destas vidas e práticas (transformadoras) em todos os (anti)estratos sociais que operam com o poder da negatividade (Jack HALBERSTAN, 2012).

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Biografia do Autor

Sara Wagner York/Sara Wagner Pimenta Goncalves Jr, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Licenciada em Pedagogia (UERJ) e Letras – Inglês e respetivas Literaturas (UNESA), Graduanda em Letras – Português e respectivas literaturas e Mestre em Educação – GENI/ProPEd - UERJ e foi bolsista CNPq.

Megg Rayara Gomes Oliveira, Universidade Federal do Paraná

Professora adjunta e professora credenciada no Programa de Pós-Graduação em Educação no Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná; Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Paraná. Pesquisa Gênero, Diversidade Sexual e Relações étnico-Raciais.

Bruna Benevides, Marinha do Brasil

Sargenta da Marinha do Brasil, autora do Dossiê dos Assassinatos e da Violência contra Travestis e Transexuais Brasileiras, coordenadora do Pré Vestibular Social - PreparaNem - de Niteroi-RJ, secretária de articulação política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), secretária de comunicação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), membro da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI+ (RENOSP LGBTI+) e membro fundadora do Fórum Estadual de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro (Fórum TTRJ)

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Publicado

2020-12-18

Como Citar

Goncalves Jr, S. W. Y. W. P., Oliveira, M. R. G., & Benevides, B. (2020). Manifestações textuais (insubmissas) travesti. Revista Estudos Feministas, 28(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n75614

Edição

Seção

Dossiê Inflexões feministas e agenda de lutas no Brasil contemporâneo